Arroz de entrecosto em vinha d'alhos | Rice with roast pork ribs in wine and garlic

19/06/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Viver num país diferente, numa cidade com acesso fácil a ingredientes a que não estava habituado (não só de produção local, mas também de muitas outras partes do mundo), torna fácil descobrir receitas novas, outras formas de cozinhar e sabores desconhecidos. Mas, às vezes, o que apetece é algo assim - comida familiar, reconfortante, com sabores "nossos" e sem grandes acrescentos.

Encontrei esta receita em tempos, no Hoje Para Jantar, o blog da Vera Ferraz. Fiquei interessado e guardei o link para experimentar mais tarde. Acabou por demorar mais do que estava à espera (descobri a receita há mais de um ano, em Janeiro de 2018), mas ainda bem que a guardei, porque a receita saiu muito bem, apesar de uma diferença considerável: é difícil encontrar arroz carolino em Londres (não é impossível, mas não tenho nenhuma loja de produtos portugueses nas redondezas, e não planeei a receita com suficiente antecedência), por isso usei arroz agulha. Ainda assim, ficou um prato muito saboroso e que cumpriu exactamente o que prometia - comida boa, simples, de conforto. Lá está - comida "nossa".

Chouquettes

12/06/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Em 2014 trabalhei durante uns meses num projecto em Paris, com alguns colegas. O escritório onde estávamos não tinha refeitório e não havia muitos sítios à volta onde pudéssemos almoçar. No entanto, se subíssemos a rua íamos ter a uma pequena praça que tinha, numa das esquinas, uma pequena padaria/pastelaria que fazia umas sandes óptimas. Era a nossa opção na maior parte das vezes - o serviço era rápido, o pão era bom e, quando fazia bom tempo, sabia bem levarmos as sandes para o parque que ficava do outro lado da praça. Almoçar sentados num banco de jardim a apanhar sol era o melhor dos contrastes para estarmos o resto do dia fechados no escritório.

Um dia, uma colega minha, francesa, comprou nessa padaria um saco de chouquettes - umas bolinhas de massa, parecidas com profiteroles, cobertas com umas pedras de açúcar grosso. Levou para o escritório, para irmos comendo ao longo da tarde - e desapareceram num instante. Toda a gente adorou e passou a ser um vício ocasional. Lembro-me de pensar na altura que gostava de aprender a fazê-los, porque parecia ser simples. Mas entretanto deixei o projecto e os chouquettes acabaram por ficar meio esquecidos.

Foi só agora, passados cinco anos, que finalmente voltei a lembrar-me deles e experimentei a receita. E ainda bem que o fiz - cada vez que faço uma fornada, ela desaparece em três tempos. Os chouquettes são pequenos, leves (literalmente - são completamente ocos por dentro) e viciantes. São ideais para acompanhar um chá ou um café ao lanche. E a receita é muito simples - basta preparar uma massa choux (a mesma dos profiteroles e dos éclairs), fazer bolinhas com ela, decorar com o açúcar e levar ao forno. E mesmo que nunca tenham feito massa choux antes, não se preocupem: não custa nada!

A receita que sigo é a do David Lebovitz e fica perfeita - mesmo como me lembro daquela pequena pastelaria em Paris!

Só uma pequena nota em relação ao açúcar pérola (não confundir com as pérolas de açúcar, aquelas bolinhas prateadas duras que se usam para decorar bolos!) - este é um açúcar que se apresenta em cristais bastante grossos, o que faz com que não derreta facilmente. É este açúcar que dá a doçura aos chouquettes - a massa em si tem apenas 2 colheres de chá de açúcar, que mal se notam. Também se vende como 'açúcar casson', 'açúcar perlé', 'açúcar em grão' ou 'açúcar em pepitas'.

Massa com grão, espinafres e za'atar | Pasta with chickpeas, spinach and za'atar

04/06/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Tal como tantas outras receitas de Yotam Ottolenghi, esta, retirada do livro "Simple", é uma maravilha de sabores. Se há coisa que Ottolenghi sabe fazer é combinar ingredientes e especiarias para obter sabores fora do comum que resultam muito bem. Neste caso há a mistura de cominhos, tomilho, anchovas e limão que, misturados com o grão ligeiramente frito e as folhas de espinafre e salsa, dão a esta massa um sabor óptimo - e fácil de preparar.

É um prato que não demora muito a fazer e que é uma óptima alternativa quando queremos algo diferente, simples, mas sem compromissos de sabor.

Nota rápida em relação à massa - usem uma massa que seja boa para absorver o molho. No meu caso, usei orecchiette, que é uma óptima escolha. Ottolenghi usa gigli, que é mais difícil de encontrar. Evitem massas longas tipo esparguete, que aqui não resultarão tão bem.