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Spritz

08/06/2018

Escrito por | Written by Bruno


Para acabar a semana de Veneza, era imprescindível publicar a receita do Spritz. Veneza pode ser o berço do Bellini, que nasceu no Harry’s Bar pela mão de Giuseppe Cipriani, mas foi o Spritz que conquistou a cidade desde o séc.XIX. É um descendente do Spritzer austríaco (feito com vinho branco e água com gás), trazido durante o domínio da cidade pela Casa de Habsburgo, mas é a adição de um aperitivo bitter - geralmente o Aperol ou o Campari, mas também o Cynar ou o Select (este último também nascido em Veneza) - que o torna interessante e refrescante.

Por toda a cidade, especialmente junto aos bacari ou em esplanadas de cafés, é comum encontrar pessoas de Spritz na mão, principalmente quando faz calor. Se feito com Aperol, o teor alcoólico é mais baixo, o que ajuda a poder pedir mais do que um, mas ainda assim é preciso ter algum cuidado, que o Spritz engana. É refrescante e fácil de beber, o que ajuda a distracções…

A escolha entre Aperol ou Campari depende do gosto de cada um - o Aperol é mais doce, menos alcoólico e com um sabor a laranja mais pronunciado; o Campari é mais forte e mais amargo. Podem sempre fazer um de cada e tirar teimas! Escolham um branco simples - se quiserem ser autênticos escolham um da região do Veneto, mas não é preciso ser tão fundamentalista. E não exagerem na água - a ideia não é aguar o cocktail, mas sim só dar um pequeno toque de gás.

Para enfeitar - meia rodela de laranja ou limão e, se se quiserem dar a esse “luxo”, uma azeitona verde grande ou duas pequenas. Não é preciso mais nada!


A bebida oficial do Verão inglês

24/05/2018

Escrito por | Written by Bruno



Temos tidos alguns dias bons por cá, já a cheirar a Verão. Hoje, nem por isso - o tempo está a ameaçar trovoada, que provavelmente chegará nos próximos dias e a entrar pela próxima semana adentro. No entanto, não estou muito preocupado porque na semana que vem estaremos de férias - e tudo indica que o tempo estará bem melhor por lá... O blog ficará mais parado, mas, se quiserem aproveitar os dias, deixo-vos a receita perfeita para um belo jarro de Pimm's, que é a melhor companhia para dias preguiçosos!

O Pimm's No.1 Cup é uma espécie de licor inglês - em bom rigor, um fruit cup -, feito à base de gin, misturado com ervas e frutas diversas. É doce e aromático, de cor escura, e está por todo o lado assim que o bom tempo começa a ameaçar por cá. Não se bebe puro - é antes a base para o mais próximo que os ingleses têm de uma sangria: enquanto nós usamos vinho para misturar com fruta e gasosa (e mais umas quantas coisas), por cá eles usam Pimm's. O resultado é doce, fresco e agradável - e alcoólico, claro, por isso cuidado. O sabor do pepino e da hortelã combinam perfeitamente com os aromas do licor, fazendo com que um jarro seja muitas vezes pouco, principalmente se tiverem visitas de amigos. E, ainda por cima, é muito fácil de preparar.

Pelo que consigo ver numa pesquisa rápida, as garrafas de Pimm's encontram-se à venda em Portugal (no Corte Inglés, por exemplo, mas não só). Por isso, força - se tiverem dias de bom tempo, experimentem este pedaço de tradição inglesa. Enquanto isso, nós vamos ali até Veneza e já voltamos! :-)


Negroni Sbagliato

02/01/2018

Escrito por | Written by Bruno



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A brincar, a brincar, já estamos em 2018 - Bom Ano a todos!

Para ajudar a enfrentar o ano da melhor maneira, parece-me boa ideia começar com um brinde. Para além disso, este cocktail é óptimo para o caso (improvável, eu sei) de vos ter sobrado champanhe da noite de passagem de ano. O Sbagliato ("errado" ou "enganado" em Italiano) é primo do Negroni, de que já aqui falámos, mas leva espumante em vez de gin (diz a lenda que terá sido um erro de um barman no Bar Masso, em Milão, em finais dos anos 60, a dar-lhe a origem e o nome). Pode ser feito com prosecco ou outros vinhos espumantes, mas eu prefiro com champanhe - e sim, no meu caso havia sobras do Ano Novo, por isso foi a escolha ideal.

As proporções do Negroni tradicional são simples: partes iguais de cada ingrediente. Mas num Sbagliato deve dar-se primazia ao espumante - por isso mesmo, uso esta receita com 3 partes de champanhe para 1 de Campari e outra de vermute. Não usei guarnição, mas uma casca ou meia rodela de laranja seriam boas escolhas.

Negroni

03/11/2017

Escrito por | Written by Bruno



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O Negroni está na moda. À noite, em locais que servem cocktails, é muito comum ver copos com o inconfundível tom avermelhado desta mistura perfeita de gin, campari e vermute tinto. E ao contrário de tantas outras modas, esta é justificada.

Conta a lenda que o Negroni foi inventado em Florença, no início do século XX, quando o Conde Camillo Negroni entrou no Caffè Casoni e pediu que lhe fizessem um Americano (gin, vermute tinto e água com gás), mas um pouco mais forte, com gin em vez de água (tudo fica melhor com um pouco de gin, convenhamos). O cocktail herdaria o nome do Conde e chegaria assim aos nossos dias.

Fazer um Negroni não tem muito que saber - basta juntar iguais quantidades dos três ingredientes, colocar uma pedra grande de gelo e um twist de casca de laranja (ou uma rodela). Limão também serve (não tinha laranjas em casa quando fiz o da foto, por isso foi mesmo com limão). Como de costume em cocktails, há umas quantas variações a partir da receita original: usando prosecco em vez de gin obtém-se um Negroni Sbagliato; com whiskey em vez de gin passa a ser um Boulevardier (que recomendo!); um Old Pal usa vermute branco em vez de tinto e whiskey de centeio canadiano em vez de gin... e por aí fora. Mas o original é incontornável - e tão simples de fazer que não há desculpa para não o experimentar.

Martini

13/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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É hora de falar do Martini. É possível que esta frase vos traga à cabeça recordações de pedirem um Martini num bar e o barman perguntar "bianco ou rosso?", mas não me refiro a isso. Esse Martini é uma marca italiana de vermute. Bastante popular, sim, mas apenas um vermute (um vinho aromatizado e fortificado) e não um cocktail - e é deste último que vamos falar. Um cocktail. Aliás - O cocktail.

O Martini é provavelmente o mais clássico dos cocktails clássicos. Há inúmeros livros só sobre o Martini e as suas variações. Há estudos científicos sobre a sua preparação (a eterna discussão sobre se o coktail deve ser agitado ou mexido - o shaken, not stirred que os filmes do James Bond tornaram famoso - e eu estou firmemente no campo do mexido; agitar quebra muito mais o gelo, dilui mais a bebida e torna-a mais turva, tudo coisas que não são desejáveis num Martini, diga Bond o que disser).

Mas afinal, o que é o Martini? É a perfeição num copo - gin e vermute branco. Nada mais, nada menos. A complicação vem nas proporções, que foram mudando ao longo dos anos. Desde a proporção de 2 partes de gin para 1 de vermute publicada em 1922 até à preferência do actor e dramaturgo inglês Noël Coward, que defendia que o Martini perfeito era um copo cheio de gin agitado mais ou menos na direcção de Itália, vai todo um mundo. Aliás, parte do gozo deste cocktail está precisamente na necessidade de experimentar vários até acertarmos com as proporções preferidas.

No meu caso pessoal, o equilíbrio perfeito entre o gin e o vermute é este: 50ml de gin, 15 de vermute branco. A acompanhar, um twist de casca de limão ou uma azeitona verde (prefiro o limão). E está feito!

Bellini

29/09/2017

Escrito por | Written by Bruno



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O Bellini nasceu no Harry's Bar, em Veneza, pela mão do fundador, Giuseppe Cipriani, que achou que a cor do cocktail fazia lembrar os tons dos quadros do pintor veneziano Giovanni Bellini.

Felizmente, não é preciso ir a Veneza para experimentar este cocktail - e não é preciso grande mão-de-obra. Basta ter pêssegos à mão e uma garrafa de prosecco. Claro que as variações são possíveis - não havendo prosecco à mão, qualquer outro espumante pode ser usado (ninguém se vai chatear se usarem champanhe!). A fruta também pode variar (já vi receitas de Bellinis de maracujá e até de ruibarbo), mas o ideal é ficar pelo pêssego.

A propósito - um Bellini como deve ser deve ser feito com pêssegos brancos, que têm uma polpa muito mais clara, dando um tom mais rosado ao cocktail. Quando não se encontram destes, um pêssego amarelo serve perfeitamente (como provavelmente perceberão pela cor na foto ali em cima, foi o que me aconteceu desta vez).


Orazione nell'Orto, de Giovanni Bellini. Aquilo ao fundo é uma alvorada de pêssego ou já bebi demais?...

Limonada com framboesas | Lemonade with raspberries

13/09/2017

Escrito por | Written by Bruno



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O calor já praticamente se foi aqui em Londres, e já começa a cheirar a Outono. Ainda assim, de vez em quando há dias em que a temperatura sobe, e apetece qualquer coisa para refrescar - e lembrar os dias mais quentes de Verão.

A limonada é a bebida ideal - simples de fazer, refrescante, saudável. Em Inglaterra é mais comum fazê-la com água com gás, mas eu prefiro assim, à nossa maneira, só limão, água e açúcar, sempre nas mesmas proporções - 2 limões e 100 gramas de açúcar para 1 litro de água. As framboesas... bem, são só para lhe dar um toque diferente. Uma limonada cor-de-rosa fica quase exótica. Não há grande diferença no sabor (4 framboesas não chegam para alterar grande coisa), mas o colorido só por si já vale a pena.

Uma variante que também resulta muito bem é usar duas limas em vez de um dos limões, deixando a limonada mais aromática.

Clover Club

12/08/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Ao longo do tempo vamos encontrando livros que se tornam indispensáveis na cozinha, cada um com uma função diferente. Já aqui falei algumas vezes do The Perfect Scoop do David Lebovitz, a minha bíblia para gelados e sorvetes. Mas há tantos outros... Os absolutamente incontornáveis Cozinha Tradicional Portuguesa, de Maria de Lourdes Modesto ou O Livro de Pantagruel, de Bertha Rosa-Limpo, Jorge Brum do Canto e Maria Manuela Limpo Caetano, para quase tudo o que é português (e não só, no caso do Pantagruel). O Macarons, de Pierre Hermé. E, para cocktails, o completíssimo The Spirits, de Richard Godwin. Este último é uma colecção enorme de bebidas, escrito com um humor perfeito e com bastantes ajudas para quem está a começar.

Logo no primeiro capítulo, Godwin apresenta os "clássicos" - os 25 primeiros cocktails que toda a gente devia começar por experimentar (com o Martini à cabeça, claro, que há-de passar por aqui também). Em oitavo na lista, está este Clover Club, que é um favorito cá em casa - a combinação de gin, vermute, limão e framboesa é perfeita para um fim de dia (ou um começo de jantar com amigos) refrescante.

Algumas notas para iniciados: o vermute francês, ou seco, não é mais do que o vermute branco - em Portugal o mais conhecido será porventura o Martini Bianco (o Martini Rosso é vermute italiano, ou tinto - ou doce), mas há outros, como o Noilly Prat (o que eu normalmente uso). A calda de açúcar faz-se simplesmente levando 2 partes de açúcar amarelo para 1 de água ao lume (as quantidades exactas dependem da quantidade de cocktails que quiserem fazer), mexendo até o açúcar estar dissolvido - nessa altura retira-se do lume e deixa-se arrefecer.

Gago Coutinho

04/08/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Há mais em comum entre cocktails e culinária do que parece à primeira vista. Há o lado óbvio de o cocktail poder acompanhar a comida, tornando interessante tentar procurar a combinação perfeita entre o que se bebe e o que se come. Mas, para além disso, há o lado de poder experimentar com diferentes ingredientes - não só bebidas, mas também caldas, fruta, ervas, e tudo aquilo de que a imaginação se lembrar.

Há cerca de dois anos que comecei a interessar-me por cocktails e a tentar fazer os meus em casa. É um processo criativo, interessante, relativamente barato (há um investimento inicial em algumas garrafas, mas a quantidade de álcool por cocktail é pequena, por isso o custo por copo é muito mais barato do que os preços que são cobrados em bares), e, enfim, fica-se com coisas boas para beber.

O Gago Coutinho é uma alteração minha de um clássico, o Aviation. O original leva gin, sumo de limão, licor Maraschino (feito à base de cerejas Marasca) e Crème de Violette. Como ainda não cheguei a esse extremo de dedicação, não me preocupei sequer em procurar este último ingrediente. Para além disso, em vez de Maraschino usei ginja de Alcobaça, a melhor de todas (não aceito discussões!), o que tornou o cocktail numa versão mais portuguesa do Aviation. Ora, Aviation em versão portuguesa... Gago Coutinho, claro. Pareceu-me o nome ideal. Não é um cocktail que nos faça atravessar o Atlântico, mas é suficientemente bom para tornar o fim do dia mais agradável!