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Clafoutis de cereja

14/08/2018

Escrito por | Written by Bruno



Tinha cerejas em casa e não sabia o que lhes havia de fazer - ou melhor, sabia que podia simplesmente comê-las, e eram óptimas, mas cada vez que olhava para a caixa dava-me vontade de cozinhar qualquer coisa com elas. Andei a namorar uma tarte de cereja, à americana, como as que faziam as delícias do agente Cooper no Twin Peaks (e um destes dias ainda hei-de voltar a essa ideia), mas acabou por haver uma espécie de alinhamento dos astros - ou dos blogs… - que me fez decidir por uma receita diferente. É que, por coincidência, o desafio que a Susana e a Lia lançaram para o Sweet World Challenge deste mês foi precisamente um clafoutis de cerejas. Era o sinal que eu precisava para dar destino às minhas.

O clafoutis é uma receita típica francesa, feita sempre com cerejas (ou melhor, pode ser feita com outras frutas, mas então passa a chamar-se flaugnarde, que os franceses não brincam em serviço nestas coisas). A massa tem mais consistência de pudim do que de bolo, pelo menos na variante tradicional, e não é complicada de fazer. Ao comparar receitas encontrei este artigo da Felicity Cloake, que também analisou várias variantes em busca da receita ideal. A minha não difere muito da dela, mas tem algumas diferenças. Uma das principais é a questão dos caroços - tradicionalmente, as cerejas num clafoutis não são descaroçadas. Eu preferi tirar-lhes o caroço (acho mais agradável não ter de estar a trincar e cuspir caroços à sobremesa), mas o caroço é parte importante do sabor - os caroços das cerejas (tal como os pêssegos, os alperces, as ameixas…) dão um sabor amendoado, muito graças ao cianeto que contêm (felizmente não em quantidades suficientes para transformar uma receita num livro de Agatha Christie). Para aproveitar esse sabor, deixei os caroços em infusão no leite, mas podem optar por não o fazer. A propósito do sabor a amêndoa, a essência de amêndoa que usei é opcional, até porque pode não ser fácil de encontrar. No entanto, se tiverem oportunidade, podem acrescentá-la para ajudar a realçar o sabor.

A ginja foi outra alteração. Obviamente que tem de ser de Alcobaça, porque na verdade não há outra :-) (desculpem, malta de Óbidos!). E o melhor é que ficam com uma boa desculpa (como se fosse necessário) para depois acompanharem o clafoutis com um cálice de ginja - combina que é uma maravilha!…

Gago Coutinho

04/08/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Há mais em comum entre cocktails e culinária do que parece à primeira vista. Há o lado óbvio de o cocktail poder acompanhar a comida, tornando interessante tentar procurar a combinação perfeita entre o que se bebe e o que se come. Mas, para além disso, há o lado de poder experimentar com diferentes ingredientes - não só bebidas, mas também caldas, fruta, ervas, e tudo aquilo de que a imaginação se lembrar.

Há cerca de dois anos que comecei a interessar-me por cocktails e a tentar fazer os meus em casa. É um processo criativo, interessante, relativamente barato (há um investimento inicial em algumas garrafas, mas a quantidade de álcool por cocktail é pequena, por isso o custo por copo é muito mais barato do que os preços que são cobrados em bares), e, enfim, fica-se com coisas boas para beber.

O Gago Coutinho é uma alteração minha de um clássico, o Aviation. O original leva gin, sumo de limão, licor Maraschino (feito à base de cerejas Marasca) e Crème de Violette. Como ainda não cheguei a esse extremo de dedicação, não me preocupei sequer em procurar este último ingrediente. Para além disso, em vez de Maraschino usei ginja de Alcobaça, a melhor de todas (não aceito discussões!), o que tornou o cocktail numa versão mais portuguesa do Aviation. Ora, Aviation em versão portuguesa... Gago Coutinho, claro. Pareceu-me o nome ideal. Não é um cocktail que nos faça atravessar o Atlântico, mas é suficientemente bom para tornar o fim do dia mais agradável!