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Rolos de canela | Cinnamon rolls

22/10/2019

Escrito por | Written by Bruno



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É sempre uma pena quando descobrimos coisas boas tarde demais. Para mim, o Sweet World Challenge foi uma dessas coisas - uma ideia de duas bloggers portuguesas, a Lia do Lemon and Vanilla e a Susana do Basta Cheio que, todos os meses, sugeriam uma receita doce, geralmente tradicional de qualquer parte do mundo, e desafiavam quem quisesse participar a fazer essa receita (ou qualquer variação sobre a mesma) e partilhar o resultado. Não havia competição nem prémios e o objectivo era mesmo só descobrir receitas novas, partilhar e ver o que outras pessoas tinham feito.

Infelizmente, descobri o Sweet World um pouco tarde, por isso acabei por participar poucas vezes. E entretanto, no início deste ano, a Lia e a Susana terminaram-no. Foi uma pena saber do final, mas às vezes é preciso parar e ganhar tempo e espaço para respirar. Espero que ambas o tenham conseguido.

O último desafio do Sweet World foi uma receita de Rolos de Canela (Cinnamon Rolls), doce muito popular nos países nórdicos, nos Estados Unidos e também aqui, no Reino Unido. Um bolo simples, uma espécie de caracol com recheio de canela e especiarias e, em alguns casos, uma cobertura de açúcar e queijo creme. Já andava há algum tempo para experimentar fazê-los e, quando finalmente me decidi, socorri-me da receita da Lia, que por sua vez a foi buscar ao livro "New York Christmas", de Lisa Nieschlag e Lars Wentrup.

A receita foi simples de preparar, e irresistível de provar. Estavam ainda melhores do que parecem na fotografia!!

Chouquettes

12/06/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Em 2014 trabalhei durante uns meses num projecto em Paris, com alguns colegas. O escritório onde estávamos não tinha refeitório e não havia muitos sítios à volta onde pudéssemos almoçar. No entanto, se subíssemos a rua íamos ter a uma pequena praça que tinha, numa das esquinas, uma pequena padaria/pastelaria que fazia umas sandes óptimas. Era a nossa opção na maior parte das vezes - o serviço era rápido, o pão era bom e, quando fazia bom tempo, sabia bem levarmos as sandes para o parque que ficava do outro lado da praça. Almoçar sentados num banco de jardim a apanhar sol era o melhor dos contrastes para estarmos o resto do dia fechados no escritório.

Um dia, uma colega minha, francesa, comprou nessa padaria um saco de chouquettes - umas bolinhas de massa, parecidas com profiteroles, cobertas com umas pedras de açúcar grosso. Levou para o escritório, para irmos comendo ao longo da tarde - e desapareceram num instante. Toda a gente adorou e passou a ser um vício ocasional. Lembro-me de pensar na altura que gostava de aprender a fazê-los, porque parecia ser simples. Mas entretanto deixei o projecto e os chouquettes acabaram por ficar meio esquecidos.

Foi só agora, passados cinco anos, que finalmente voltei a lembrar-me deles e experimentei a receita. E ainda bem que o fiz - cada vez que faço uma fornada, ela desaparece em três tempos. Os chouquettes são pequenos, leves (literalmente - são completamente ocos por dentro) e viciantes. São ideais para acompanhar um chá ou um café ao lanche. E a receita é muito simples - basta preparar uma massa choux (a mesma dos profiteroles e dos éclairs), fazer bolinhas com ela, decorar com o açúcar e levar ao forno. E mesmo que nunca tenham feito massa choux antes, não se preocupem: não custa nada!

A receita que sigo é a do David Lebovitz e fica perfeita - mesmo como me lembro daquela pequena pastelaria em Paris!

Só uma pequena nota em relação ao açúcar pérola (não confundir com as pérolas de açúcar, aquelas bolinhas prateadas duras que se usam para decorar bolos!) - este é um açúcar que se apresenta em cristais bastante grossos, o que faz com que não derreta facilmente. É este açúcar que dá a doçura aos chouquettes - a massa em si tem apenas 2 colheres de chá de açúcar, que mal se notam. Também se vende como 'açúcar casson', 'açúcar perlé', 'açúcar em grão' ou 'açúcar em pepitas'.

Fogaças de Alcochete | Alcochete fogaças (cinnamon and lemon cakes)

21/03/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Descobri as fogaças de Alcochete há alguns anos, quando uns amigos me ofereceram um saco delas de presente. Para quem não as conhece, são uns bolos típicos da vila de Alcochete, simples nos ingredientes, a saber a limão e canela, e com a particularidade de serem encruadas por dentro, o que faz contraste com a parte de fora, dura e estaladiça.

Na altura, gostei tanto delas que não descansei enquanto não aprendi a fazê-las. Pesquisei receitas, cruzei tempos e proporções, e descobri que não era difícil - a proporção base é de 1 parte de farinha para 0,7 de açúcar e 0,25 de manteiga. Mais a canela e o limão, uma gema de ovo para pincelar, e está praticamente feito.

Em 2011 publiquei a minha receita no Cozinha com Tomates, desta vez foi só revê-la e afiná-la, experimentando um pouco com o tempo e a temperatura de forno, que estavam misteriosamente ausentes na versão de 2011… O resultado final foi perfeito - a canela e o limão no ponto, a cozedura perfeita.

Alcochete pode estar a mais de 2000 km de distância de Londres, mas assim sempre ficou um pouco mais perto!

Jesuítas | Jesuits

05/03/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Uma das desvantagens de Londres é a falta da pastelaria portuguesa. Não é que não haja algumas por cá - e algumas não deixam nada a dever a uma boa pastelaria em Portugal -, mas são difíceis de encontrar. Na nossa zona, por exemplo, não é fácil encontrar boa pastelaria nacional - mais para o final do ano há bolos-rei óptimos numa banca de rua local, mas o resto da variedade não é muito grande.

Que fazer então? Bom, uma alternativa é encontrar receitas e fazer em casa. Foi o caso destes jesuítas. A receita vem no "Lisboeta", do chef Nuno Mendes (o mesmo livro de onde tirei a receita de pastéis de nata) e não é complicada - basta fazer uma calda de açúcar, um creme de ovo, montar os jesuítas e levar ao forno. E ficam óptimos.

Ah, e antes que alguém refile - para mim os jesuítas são assim, sem o creme de açúcar por cima, e com amêndoa palitada. Que me perdoem as boas gentes de Santo Tirso, mas na minha zona são servidos assim - e os sabores de infância são os que nos ficam para sempre!

Macarons de lima e manjericão | Lime and basil macarons

12/02/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Esta receita não é muito diferente da outra de macarons que já publiquei - a diferença está fundamentalmente no recheio. Mas é assim com todos os macarons - as "bolachas" em si fazem-se sempre da mesma maneira, o que muda é o que está no meio.

Este creme funciona muito bem. É fresco e saboroso, com a lima e o manjericão a combinar muito bem. Para além disso, são bonitos, com o verde vivo a saltar à vista e a fazer apetecer pegar num - ou em vários.

Esta receita dá para cerca de 70 macarons completos (ou seja, perto de 140 "bolachas"). Se não se quiserem aventurar numa quantidade tão grande, reduzam as quantidades proporcionalmente - se bem que, por experiência própria, não se deviam preocupar: 70 macarons desaparecem num instante, entre "consumo próprio" e ofertas a família e amigos…

Tal como na outra receita que publiquei, esta é adaptada da receita do livro "Macarons", de Pierre Hermé, mas com o método do livro "How Baking Works", de James Morton.

Macarons de limão

06/11/2018

Escrito por | Written by Bruno



Há uns anos, esta foi provavelmente a receita que mais trabalho me deu. Naquela altura, parecia que toda a gente sabia fazer macarons - era a receita mais popular por esses blogs fora, e quase sempre com resultados impressionantes. Eu gostava muito da aparente simplicidade desta especialidade francesa e da variedade quase inesgotável de recheios diferentes que se podiam usar. Por isso mesmo, resolvi tentar aprender a receita - e não desistir enquanto não conseguisse.

Foram para aí umas oito ou nove tentativas. Em algumas delas, os “macarons” foram directamente para o lixo, porque não estavam de todo capazes. Em alguns casos por causa do método em si (ingredientes pouco misturados, ou misturados demais), noutros por causa da temperatura do forno, noutros ainda por causas misteriosas que não consegui perceber. Mas fui insistindo e experimentando receitas diferentes.

Foi só quando encontrei o livro “Macarons”, do chefe de pastelaria francês Pierre Hermé, que finalmente cheguei lá. Segui a receita à risca, com todas as temperaturas controladas e todos os passos interiorizados antes de começar. E dessa vez, no início de 2012, saiu bem. Na altura publiquei a receita no Cozinha Com Tomates (há mais duas variações de sabores nesse blog, se as quiserem procurar) e desde então que tenho sempre feito os macarons da mesma forma, seguindo a receita à risca - e sempre com bons resultados.

Desta vez, contudo, arrisquei o impensável - usar uma receita diferente. Comprei recentemente o livro “How Baking Works”, de James Morton, que recomendo a toda a gente. Morton ensina os básicos de uma série de diferentes receitas e tipos de massa, explicando o porquê de cada um dos passos e qual o impacto no resultado final. A partir da receita básica, indica depois variantes e dá sugestões para formas de a adaptarmos segundo a nossa criatividade. Acreditem - aprende-se bastante com este livro, e os resultados são muito bons. Por isso mesmo, quis experimentar a receita de macarons de Morton, que usa uma técnica diferente (e mais simples) da de Pierre Hermé. Acabei por usar as mesmas quantidades de Hermé, mas seguindo o método de Morton - e o resultado não podia ser melhor. Todos os macarons sairam perfeitos e bonitos - e fizeram sucesso.

Algumas notas caso se queiram aventurar pela primeira vez: a receita parece extremamente simples (descontando os corantes, os macarons propriamente ditos só levam 4 ingredientes, os restantes são para o recheio), mas o equilíbrio entre esses ingredientes é relativamente frágil. Algum passo mal executado pode estragar o resultado final. Leiam a receita primeiro, habituem-se a ela, se algo não estiver claro perguntem - ou usem o YouTube, que é óptimo para perceber coisas como qual a consistência exacta da massa. E não desesperem - assim que conseguirem acertar com a receita (e, se tiverem sorte, pode ser logo à primeira vez), provavelmente nunca mais vos correrá mal.

Bolinhos do dedo

27/04/2018

Escrito por | Written by Bruno



Desta vez nem devia ser eu a escrever a receita, visto que não fui eu que a fiz. O cozinheiro desta vez foi o meu filho mais velho, de 9 anos, que tem um clube de culinária na escola onde aprende a cozinhar vários pratos. Experimentámos o clube o ano passado pela primeira vez e foi um sucesso - logo na primeira aula, por coincidência, aprenderam a fazer pastéis de nata, que não estavam nada maus!

Uma das receitas que ele mais gostou de fazer foram estes bolinhos - "bolinhos do dedo", como lhes chamamos cá em casa. São uns biscoitos simples de fazer, mas que são óptimos para cozinhar com as crianças, que se divertem a preparar a massa, a moldar os biscoitos, a calcá-los com o dedo e a rechear com o doce. Ah, e a comer no final, claro!


Scones

12/04/2018

Escrito por | Written by Bruno



O scone é uma instituição inglesa por mérito próprio. Aliás, não é à toa que já se popularizou um pouco por todo o mundo - é ideal para um pequeno-almoço ou, melhor ainda, para um lanche. Permanentemente indeciso sobre se há-de ser um pão ou um bolo, o scone não é bem um nem é bem o outro. E, talvez por isso mesmo, ajusta-se perfeitamente a vários acompanhamentos - manteiga, os tradicionais clotted cream e doce (não necessariamente por esta ordem, mas já lá vamos)... Pode ter passas misturadas na massa ou outros tipos de frutos secos - ou não, como na receita que aqui trago, que é simples.

Se nunca arriscaram fazer pão, não se assustem - esta receita não custa mesmo nada. É praticamente só juntar tudo, amassar um pouco e levar ao forno. Em poucos minutos terão uma fornada de scones a sair do forno, quentinhos, e prontos a acompanhar um bom chá. Tenham é cuidado na hora de servir - os scones são ainda hoje a causa para uma das mais curiosas polémicas gastronómicas neste país - a ordem do acompanhamento. É tradição em duas províncias vizinhas de Inglaterra, Devon e Cornualha, servir scones ao lanche - que, consoante a zona, se chama Devon Cream Tea ou Cornwall Cream Tea. Em ambos os casos, os scones acompanham o chá e são servidos com clotted cream (natas coalhadas) e doce. Mas a grande diferença, aquela que cava uma fronteira profundíssima entre ambas as províncias e gera discussões quase mortíferas, é a ordem: em Devon, primeiro cobre-se o scone com as natas e depois espalha-se o doce sobre estas. Na Cornualha, espalha-se primeiro o doce e só depois se cobre este com as natas. E nem pensem em ridicularizar esta questão - para os locais é uma questão de honra e não há entendimento possível.

Para evitar confusões, escolhi uma fotografia do scone assim mesmo: simples, sem nada. Sirvam-nos como preferirem, com ou sem natas, com ou sem doce, por uma ordem ou outra, com manteiga, com queijo, com fiambre - mas experimentem-nos. É que valem mesmo a pena.

Receita adaptada desta, da Allrecipes.


Pastéis de nata | Pastéis de nata (Portuguese custard tarts)

19/01/2018

Escrito por | Written by Bruno



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Fazer pastéis de nata em casa é muitas vezes um desafio inglório. É difícil ter um resultado como os das melhores pastelarias, porque a temperatura conta muito. A menos que se tenha um forno de pasteleiro em casa, será impossível atingir as temperaturas de 350° ou mais que garantem os resultados perfeitos que estamos habituados a comer. Mas, apesar de tudo, podemos aproximarmo-nos. E poder ter um pastel de nata quentinho e com o creme no ponto é algo que vai mesmo valer a pena.

A receita que usei vem no Lisboeta, o muito recomendado livro do chef Nuno Mendes, do qual já aqui falei na receita de pão com chouriço e nozes. O livro é mais do que um livro de receitas lisboetas - ou inspiradadas por Lisboa. É também um tratado sobre o dia-a-dia, a cultura e os hábitos da cidade e dos seus habitantes, cheio de textos do próprio Nuno Mendes e fotografias de Andrew Montgomery. Vale bem a pena folheá-lo - e apetece experimentar todas as receitas.

Voltando aos pastéis, o creme é óptimo e isso é logo meio caminho andado. Não fiz a minha própria massa folhada, comprei já feita - mas se quiserem aventurar-se na vossa própria, então avancem e provavelmente o resultado será ainda melhor!