Perna de pato confitada com couve-roxa e molho de Madeira | Confit duck leg with red cabbage and Madeira sauce

24/12/2017

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Às vezes a vontade de cozinhar um prato nasce assim - estava em viagem, em trabalho, e fui jantar com os meus colegas a um daqueles restaurantes com uma ementa onde parece caber tudo. Não tanto em número de pratos, mas em variedade de cozinhas. Havia bifes, pratos de influência italiana, outros asiáticos, outros franceses… O tipo de ementa que normalmente me faz desconfiar - quando se tenta fazer tudo, é comum não se conseguir fazer nenhuma das coisas suficientemente bem. Desta vez, contudo, estava enganado. Pedi uma perna de pato confitada - e ela chegou perfeita, com a cozedura no ponto, com couve-roxa (óptima!) e puré de batata a acompanhar, tudo equilibrado e cheio de sabor. E ficou-me a ideia de tentar fazer isto em casa. Não importava que nunca tivesse confitado pato antes - estamos cá é para experimentar e aprender, certo?

E assim foi. Pus-me a pesquisar receitas, a cruzar ingredientes e tempos, a buscar ideias de vários sítios e a alinhavar o que me parecia uma boa versão da receita. Sabia que ia precisar de tempo, embora não fosse necessariamente uma receita difícil. Finalmente, chegou o fim-de-semana ideal - comprei o pato, preparei-o de véspera, e, no domingo de manhã, pus mãos à obra. A manhã inteira a preparar o pato, a couve, o molho - e tudo planeado para ficar pronto mesmo à hora de almoço. Correu bem. E valeu a pena.

O pato fica óptimo, tenro e saboroso. A couve-roxa é uma receita a repetir, um acompanhamento óptimo, com a maçã e os restantes sabores a intensificar o sabor da couve (e que vale a pena fazer em maior quantidade e guardar, aguenta muito bem aquecida em dias seguintes). O molho de vinho da Madeira dá o toque final. Ah, e tal como no restaurante, acrescentei também puré de batata, servido à parte. Não é um prato rápido que se faça de impulso, precisa de planeamento, mas acreditem, vale mesmo o esforço.

Só uma nota final sobre mixed spice - esta é uma mistura de especiarias comum em Inglaterra, que contém geralmente canela, noz-moscada, pimenta-da-Jamaica e pode incluir também cravinho, sementes de coentros e gengibre. Pode ser feita facilmente em casa, misturando este tipo de especiarias. É uma combinação também bastante utilizada por aqui em bolos e receitas de Natal.

...E, por falar em Natal - um óptimo Natal para todos os que nos lêem!! :)

O Primeiro Gomo da Tangerina | The First Tangerine Segment

19/12/2017

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A terra é grande / É pequenina / Do tamanho apenas da tangerina / Quem mata e morre / Nunca percorre / Os caminhos do que há de melhor / Nesse sumo / A vida, gomo a gomo
(Sérgio Godinho, O Primeiro Gomo da Tangerina)


A ideia veio do nada - provavelmente porque tinha tangerinas em casa. E porque não? A panna cotta presta-se sempre a estas combinações, a inventar coberturas que elevem as natas cozidas ao nível que merecem. À medida que o ano avança e as estações mudam, também mudam as possibilidades, com novos ingredientes e outras frutas a aparecer. Desta vez foram as tangerinas, numa calda doce e de cor forte, a dar mais sabor a uma panna cotta simples, só com o coco a acrescentar uma nota diferente.

A enfeitar, um gomo apenas. Como o primeiro, o da canção.

Barriga de porco com maçã caramelizada e puré de feijão e maçã | Pork belly with caramelised apples and butter beans and apple purée

13/12/2017

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A barriga de porco (ou entremeada) é uma das minhas peças preferidas. Principalmente feita assim, num bom assado, lento, para que a carne fique a desfazer-se na boca, e a pele fique crocante e estaladiça (a que aqui chamam crackling e que nunca pode faltar num bom assado de porco).

A maçã é um acompanhamento clássico para a carne de porco - resolvi juntá-la a dobrar: em fatias caramelizadas em manteiga e açúcar, e num puré óptimo, com feijão-manteiga, que pode ser aproveitado como acompanhamento em vários outros pratos. Ficou tudo óptimo!

Salsichas no forno com batatas e pimentos | Roast sausages with potatoes and red peppers

05/12/2017

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Um Domingo preguiçoso, lá fora faz frio, os dias cada vez mais curtos. É de manhã, um dos rapazes está numa aula de rugby com a mãe, eu estou em casa com o outro rapaz, é preciso preparar o almoço, qualquer coisa que não dê muito trabalho (é um daqueles dias que pede coisas simples), mas que seja aconchegante, porque as temperaturas não ajudam e o céu está demasiado cinzento para comidas mais frescas.

Vou ao supermercado, trago batatas, pimentos e cebolas roxas - podia ter trazido beringela ou courgette, ou quaisquer outros vegetais que apetecesse usar. Trago também salsichas de porco frescas, seis delas com cebola roxa caramelizada, outras seis com maçã (tal como disse aqui, a variedade de salsichas frescas em Inglaterra é uma pequena maravilha).

Volto para casa, preparo os ingredientes, ponho no forno, deito vinho branco num copo, entretanto chega a mãe e o rapaz mais novo, e está o almoço praticamente pronto - e o Domingo passa-se melhor.

Pão com chouriço e nozes | Chorizo and walnut rolls

01/12/2017

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Já há algum tempo que andava com vontade de fazer pão em casa. Nunca me aventurei muito por esse mundo, tirando a altura em que tínhamos uma máquina de fazer em pão em casa que usámos durante algum tempo. Ter voltado agora aos blogs, e ter recomeçado a seguir com mais atenção o que outros vão fazendo, fez aumentar esta vontade - principalmente ao ver rubricas como a Vamos Fazer Pão? no Cinco Quartos de Laranja, na qual a Isabel não só publica regularmente receitas para fazer em casa, mas também incentiva toda a gente a experimentar.

A vontade estava, por isso, cá. Só faltava um catalisador - e esse chegou, finalmente, através do Lisboeta, o excelente novo livro do chef Nuno Mendes, altamente recomendável e do qual hei-de falar por aqui em mais detalhe. À medida que folheava o livro ia aumentando o número de receitas que queria experimentar - e assim que cheguei às páginas finais e me cruzei com a receita de pães com chouriço, pensei que tinha de ser desta - tinha mesmo de me aventurar no pão!

A partir daí foi só pôr mãos na massa - e ainda bem. Os pães ficaram óptimos e fizeram sucesso (desapareceram num instante, o que é sempre bom sinal!). E agora que estou “iniciado”, vou ter mesmo de começar a dedicar-me um pouco mais ao pão. Pode ser que em breve comecem a aparecer por aqui outras variedades!

Caril de camarão | Prawn curry

27/11/2017

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Num daqueles dias em que nos apercebemos que já não falta muito para o almoço e não temos nenhuma ideia sobre o que fazer, encontrei esta receita na revista do supermercado Waitrose. E ainda bem - é um prato simples de fazer, muito saboroso, e que deu uma refeição aprovadíssima.

Acompanhei com arroz basmati, cozinhado num pouco de óleo de coco, para dar sabor.

Gelado de figo | Fig ice cream

24/11/2017

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Andava à procura de receitas de gelados de Outono quando encontrei, no site da Saveur, esta receita de gelado de figo. Atraiu-me o gelado em si, de aspecto cremoso, misturado com aquele vermelho vivo dos figos - e atraiu-me a receita, que parecia simples e sem necessidade de grandes complicações para fazer brilhar o sabor. Tinha de experimentar.

O gelado é mesmo bom, pelo menos para quem gosta de figos. E é tão simples - a base é um gelado de nata, que só por si já é uma pequena maravilha, cremoso como poucos. Juntando-lhe a polpa dos figos desfeita numa calda de açúcar e mel, obtém-se um gelado que apetece comer e repetir, com uma textura perfeita, um sabor doce e perfumado, ideal para as noites cada vez mais frias deste Novembro.

E era mesmo disso que eu estava à procura - o perfeito gelado de Outono!

Bolo de chocolate e azeite | Chocolate and olive oil cake

22/11/2017

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Desde que vi esta receita no Smitten Kitchen, o incontornável blog da Deb Perelman (a sério, sigam-na se ainda não o fazem) que fiquei mortinho por experimentar. Para já porque o bolo tinha um aspecto delicioso, mas também pelos ingredientes, que eram fora do normal, pelo menos para mim. Um bolo sem manteiga, sem ovos, com azeite - e uma colher de vinagre!

Os dias iam passando, e a receita enchia-se de comentários de pessoas que tinham experimentado o bolo - e adorado. E a minha vontade de tentar também crescia com eles. Acabei finalmente por fazê-lo, seguindo fielmente a receita, com a única excepção da decoração - A Deb Perelman usa apenas a cobertura, mas achei que ficava bem juntar alguma fruta e não me arrependi! Gosto muito do toque fresco e sumarento das framboesas em conjunto com o chocolate. Aliás, usei as framboesas da segunda vez - o bolo é tão bom que já o fiz duas vezes (e da primeira vez usei mirtilos, que também ficaram óptimos).

Lombinho de porco com batata-doce e castanhas | Pork fillet with sweet potato and chestnuts

20/11/2017

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Chegou o Outono, e com ele os ingredientes próprios da época. A temperatura desce (enfim, pelo menos aqui em Londres) e começa a apetecer outro tipo de comidas - comida aconchegante, que nos aqueça e nos ajude a enfrentar os dias cada vez mais curtos.

Este prato tem alguns dos melhores sabores de Outono, e a vantagem de ser um prato de forno - ideal para preparar, deixar a cozinhar e ir conversar, ou abrir uma garrafa de vinho, ou petiscar qualquer coisa enquanto se espera. Comida simples, comida generosa e boa. Ah, e o molho do assado é extraordinário - é melhor ter algumas fatias de um bom pão à mão, porque vai apetecer molhá-lo na travessa...

Cheeseburger com bacon | Bacon cheeseburger

17/11/2017

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Há alturas em que os hamburgers de fast food (McDonald's, Burger King, Five Guys…) são uma escolha válida, principalmente quando o tempo é um factor importante. No entanto, em termos de hamburgers, a minha preferência vai para as hamburgerias que tratam a comida um pouco melhor - e com um pouco mais de tempo -, seja para combinações de sabores mais clássicas (o hamburger simples, o cheeseburger) ou mais elaboradas, onde a criatividade consegue criar algumas ideias bem interessantes. Aliás, a multiplicação de restaurantes oferecendo aquilo a que acabou por se chamar “hamburger gourmet” é um bom sinal de que o fast food deixou de ser a única opção generalizada - e todos nós ficamos a ganhar.

Sendo uma comida tão simples - carne picada no pão -, o hamburger é extraordinariamente versátil. Fazê-lo em casa tem a vantagem de podermos escolher exactamente os ingredientes que queremos usar e em que quantidades, ajustando o sabor final ao gosto de cada pessoa. Vale a pena preparar uma quantidade maior de hamburgers do que a que planeamos usar, congelando alguns para próximas refeições. Assim, sempre que voltar a apetecer, basta descongelar, preparar os acompanhamentos e cozinhar tudo - e essa é a parte rápida. Não tanto quanto o fast food, mas muito mais saboroso.

Neste caso, não inventei muito - este hamburgers são basicamente cheeseburgers com bacon. Mas têm alguns toques interessantes - a cerveja adicionada ao hamburger, o molho com whiskey a ir um pouco para lá de uma simples mistura de maionese e ketchup…

Claro que não é a mais saudável das escolhas para um almoço. Mas, às vezes, sabe mesmo bem.

Chanterelles fritos com chouriço | Fried chanterelles with chorizo

13/11/2017

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Um dos nossos programas de fim-de-semana preferidos, especialmente quando o tempo ajuda, é dar um salto ao mercado. A poucos quilómetros de casa temos a vila de Kingston-Upon-Thames, que tem um óptimo mercado ao ar livre - não muito grande, mas com umas quantas bancas com muito boa fruta, legumes e óptimo pão. Há também várias bancas de comida de rua, o que faz com que seja ideal para comprar frescos no mercado e depois sentar a almoçar ao ar livre.

Num destes fins-de-semana demos um salto ao mercado e valeu bem a pena. Trouxe marmelos, romãs, figos, morangos, framboesas - e encontrei à venda cogumelos chanterelle, com muito bom ar. Por impulso, resolvi comprar uns poucos, sem saber muito bem o que iria fazer com eles. Quando cheguei a casa, pus-me a pesquisar à procura de ideias, e acabei por resolver fazê-los assim, simples, salteados, com o chouriço a ajudar ao sabor.

Serviu de entrada ao jantar, e foi uma óptima escolha. O chouriço ficou crocante, as pontas dos cogumelos também, e o sabor estava óptimo. Hei-de voltar ao mercado para ver se ainda consigo encontrar mais uns quantos!

Marshmallows de framboesa | Raspberry marshmallows

10/11/2017

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Não sendo propriamente um doce tradicional em Portugal, os marshmallows são bastante populares aqui em Inglaterra, especialmente em feiras ou festas - e principalmente nos meses frios. São óptimos aquecidos sobre fogo até começarem a derreter, e, se feitos em casa, sabem ainda melhor. São também bastante versáteis, sendo fácil acrescentar sabores à receita-base, que não é mais que uma mistura de açúcar, claras em castelo e gelatina.

Esta receita saiu bem, e rendeu cerca de 30 a 40 marshmallows. Usei um maçarico para os queimar, mas a chama do fogão também serve bem. Ou uma fogueira ao ar livre, se tiverem acesso fácil a uma!

Uma nota sobre o golden syrup - este é um tipo de calda de açúcar invertido, que ajuda a evitar que se formem cristais de açúcar, logo ajuda a que o ponto de rebuçado esteja estável e suave. Em alternativa, pode-se usar corn syrup ou xarope de glucose.

Penne improvisados com cogumelos, chouriço, pesto e pistácios | Improvised penne with mushrooms, chouriço, pesto and pistachios

06/11/2017

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A 25 de Outubro de 2005, em Roma, foi fundada a International Pasta Organisation, uma associação internacional sem fins lucrativos de produtores de massa. Talvez a acção mais visível desta associação tenha sido propôr o dia da sua fundação para ser o Dia Mundial da Massa - World Pasta Day. A ideia pegou e, a cada 25 de Outubro, as secções de curiosidades de alguma imprensa - bem como contas de Instagram e Facebook por esse mundo fora - enchem-se de conteúdos sobre a pasta, um dos principais legados que Itália deu ao mundo.

Nunca liguei a este dia, mas este ano apeteceu-me "celebrar", cozinhando massa - embora só a esteja a publicar hoje, esta foi a receita que fiz no dia 25. E é uma comida ideal para fazer a um dia de semana - é uma massa que já faço há anos, sempre adaptada ao que tiver no momento. Já a fiz com pinhões, com chouriço fuet, com halloumi, com outros tipos de massa - e hei-de fazê-la com muitas outras variantes. Mas desta vez saiu assim - cogumelos, chouriço, pesto e pistácios. Acho que o Dia da Massa não terá ficado com razões de queixa!

Negroni

03/11/2017

Escrito por | Written by Bruno



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O Negroni está na moda. À noite, em locais que servem cocktails, é muito comum ver copos com o inconfundível tom avermelhado desta mistura perfeita de gin, campari e vermute tinto. E ao contrário de tantas outras modas, esta é justificada.

Conta a lenda que o Negroni foi inventado em Florença, no início do século XX, quando o Conde Camillo Negroni entrou no Caffè Casoni e pediu que lhe fizessem um Americano (gin, vermute tinto e água com gás), mas um pouco mais forte, com gin em vez de água (tudo fica melhor com um pouco de gin, convenhamos). O cocktail herdaria o nome do Conde e chegaria assim aos nossos dias.

Fazer um Negroni não tem muito que saber - basta juntar iguais quantidades dos três ingredientes, colocar uma pedra grande de gelo e um twist de casca de laranja (ou uma rodela). Limão também serve (não tinha laranjas em casa quando fiz o da foto, por isso foi mesmo com limão). Como de costume em cocktails, há umas quantas variações a partir da receita original: usando prosecco em vez de gin obtém-se um Negroni Sbagliato; com whiskey em vez de gin passa a ser um Boulevardier (que recomendo!); um Old Pal usa vermute branco em vez de tinto e whiskey de centeio canadiano em vez de gin... e por aí fora. Mas o original é incontornável - e tão simples de fazer que não há desculpa para não o experimentar.

Asas de frango com cogumelos | Chicken wings with mushrooms

02/11/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Há uns anos, encontrei numa loja um livro de culinária que não conhecia e que me pareceu muito interessante. Chamava-se "The Family Meal - Home Cooking With Ferran Adrià" e era um livro de receitas do famoso cozinheiro espanhol, mas em vez de serem as receitas que servia no El Bulli (que ainda estava aberto na altura), o livro apresentava antes as receitas que a equipa do restaurante preparava para as suas refeições antes de começarem a servir os clientes. Assim sendo, são receitas simples, agrupadas em ementas de entrada, prato principal e sobremesa, e fáceis de fazer por qualquer pessoa em casa. Ainda assim, como não podia deixar de ser num livro de Ferran Adrià, há aqui variantes interessantes sobre pratos clássicos. E até hoje, das receitas que experimentei, nenhuma saiu mal e todas valeram bem a pena.

Esta é uma das receitas do livro. O frango fica óptimo, os cogumelos combinam muito bem - e não é nada difícil. Não há aqui a famosa cozinha molecular de Adrià, só comida simples, honesta e generosa. E às vezes é mesmo isso que apetece.

Creme de Ervilhas com Presunto e Hortelã | Creamy pea soup with prosciutto and mint

31/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Levar os miúdos para a cozinha é sempre importante. Ensinar-lhes os básicos, mostrar-lhes como os ingredientes vão tomando forma e transformando-se naquilo que iremos comer, mostrar-lhes as técnicas, deixá-los ajudar e fazê-los sentir que aquele prato que vai para a mesa também é um pouquinho deles.

Os dois rapazes cá de casa adoram pôr um avental e ajudar - e foi por isso que gostei muito da ideia da revista SÁBADO de publicar a colecção Sim, Chef!. São cinco livros com receitas de outros tantos chefs e dos seus filhos, pensadas especialmente para cozinhar com as crianças - mas sem concessões de sabores e qualidade. Até ao momento, já foram publicados três números, com os chefs Bertílio Gomes, Marlene Vieira e Tanka Sapkota. Os dois números que faltam trarão Leonel Pereira e Paulo Morais.

A receita de hoje é do livro da chef Marlene Vieira (e da sua filha Isabel) e, desta vez, foi cozinhada pelos rapazes, só com a minha ajuda quando necessário. Segundo eles, é a melhor sopa que já comeram (e sim, é mesmo muito boa!).

Espargos com cebolinha e queijo de cabra | Asparagus with spring onions and goat's cheese

26/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Nunca me canso de dizer isto - as coisas simples são tantas vezes as melhores. Pegar num molho de espargos, numas quantas cebolinhas, num bom queijo de cabra e, num instante, ter uma entrada destas pronta. Fresca, saudável, apetitosa.

A receita não é minha - encontrei-a num fantástico livro publicado pela Riverford, uma empresa que entrega cabazes e produtos orgânicos sazonais aqui em Inglaterra, com uma óptima qualidade e muita variedade. O livro é uma colecção de receitas para vegetais de Primavera e Verão (há também uma versão de Outono e Inverno) e é muito bom para tirar ideias sobre o que fazer com aqueles legumes que trouxemos do mercado porque tinham mesmo óptimo aspecto.

Uma nota sobre o queijo de cabra - o melhor é usar um queijo que seja duro e fácil de esfarelar. No meu caso usei um queijo de cabra tipo cheddar, envelhecido em gruta, que é uma pequena maravilha, mas qualquer outro serve - e se não encontrarem de cabra, podem facilmente substituí-lo por outro que vos pareça bem.

Pizza caseira com tomate, burrata, presunto e manjericão | Homemade pizza with tomato, burrata, prosciutto and basil

23/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Pizza é sempre uma boa opção para aqueles dias em que não se tem tempo para (ou não apetece) fazer nada muito elaborado. É prático mandar vir ou cozinhar uma pizza de supermercado já pronta, mas a melhor opção é sempre fazer a nossa própria pizza, de preferência de raiz, com massa caseira.

Fazer massa de pizza é muito menos complicado do que pode parecer à primeira vista. Demora algum tempo, porque a massa tem que fermentar (idealmente de um dia para o outro), mas a vantagem é que se pode fazer mais quantidade do que a que precisamos, congelando o excesso. Assim, de cada vez que vos apetecer pizza, só têm de se lembrar de deixar uma bola de massa a descongelar.

Outro ponto importante é o forno - acho que não estou enganado se disser que a maioria das pessoas não tem acesso fácil em casa a um forno a lenha (se tiverem, óptimo!). Sendo assim, um forno normal tem de servir, embora não consiga gerar uma temperatura tão elevada. Há algumas técnicas para conseguir que a massa coza perfeitamente, por cima e por baixo - usar uma pedra de cerâmica, por exemplo. Ou usar uma frigideira de ferro - liga-se o grill do forno na temperatura máxima, leva-se uma frigideira de ferro ao lume do fogão até estar bem quente e coloca-se a massa da pizza, já estendida, na frigideira durante cerca de um minuto, para que coza por baixo. Enquanto coze vão-se colocando os vários ingredientes sobre a massa e, no final, mete-se a frigideira directamente no forno, na prateleira de cima, para que o grill coza o topo da massa. Como infelizmente não tenho nem uma pedra de cerâmica nem uma frigideira de ferro, não pude experimentar estas soluções, por isso usei a melhor alternativa - liguei o forno na temperatura máxima, tendo primeiro invertido um dos tabuleiros. Assim que a temperatura chegou ao máximo, passei para o grill, também no máximo. Estendi a pizza sobre uma folha de papel vegetal, retirei o tabuleiro invertido do forno e coloquei a pizza sobre ele (mantendo-o invertido, ou seja, a pizza ficou sobre o fundo do tabuleiro). O tabuleiro deverá estar tão quente que começa a cozinhar a base da pizza. Coloquei então os ingredientes da cobertura e levei novamente ao forno para terminar de cozinhar. O resultado não é o mesmo que o de um forno a lenha, mas é suficientemente bom para uma pizza caseira.

Uma nota final sobre os ingredientes - as quantidades para a massa dão para 4 pizzas de tamanho médio. Geralmente faço sempre esta quantidade, mesmo que só use o necessário para uma ou duas pizzas - envolvo o resto da massa em película aderente e congelo, para usar noutro dia. Quanto aos ingredientes para a cobertura, indico apenas o necessário para uma pizza. As quantidades são muito vagas, porque geralmente uso o que tiver à mão. A cobertura de uma pizza não é uma ciência exacta e ponho sempre os ingredientes a olho - umas colheres de molho de tomate, uma mozzarella ou outro queijo semelhante (desta vez usei burrata, que é mais cremoso) "rasgado" com as mãos sobre a massa, uns tomates-cereja, umas fatias de presunto, algum manjericão. Usem esta lista mais como inspiração - e mudem o que vos apetecer.

Bolo de limão e mirtilos | Lemon and blueberry cake

20/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Há dias ideais para fazer bolos. Geralmente ao fim-de-semana, quase sempre ao domingo à tarde - talvez para tentar prolongar mais um pouco o dia, para melhorar o lanche, para não pensar na segunda-feira que está quase a chegar. Ou, simplesmente, porque sim. Não são precisas grandes razões para fazer um bolo.

Este bolo é simples, rápido e saboroso. A massa não tem floreados, mas os mirtilos e a cobertura glacé de limão dão-lhe todo o sabor. Vai uma fatia?

Encontrei a receita original no Kitchen Stories.

Os primeiros três meses | The first three months

19/10/2017

Escrito por | Written by Bruno

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O blog faz hoje três meses, e pareceu-me boa ideia fazer um balanço rápido do que está a ser esta aventura.

Tal como disse no primeiro post, pode parecer estranho criar um blog em 2017, mas continua a ser uma ideia estimulante. Comparando com a minha experiência anterior nos blogs de culinária - o Cozinha com Tomates -, a blogosfera (ainda se usa este termo?...) está agora bastante diferente e menos dinâmica. Nos dias de hoje é quase essencial manter presença regular nas restantes redes sociais, já que o hábito de ver os últimos posts nos blogs que seguimos começou a ser substituído por acompanhá-los no Facebook ou no Instagram.

Ainda assim, tem sido uma óptima caminhada. A intenção do blog nunca foi o número de seguidores, mas sim a partilha de receitas ou ideias em torno delas e a possibilidade de poder discuti-las com outras pessoas. Ou, pelo menos, saber que há quem as leia e se inspire para ir cozinhar. E nesse aspecto, esta experiência está definitivamente a valer a pena. Tenho "conhecido" novas pessoas e descoberto novos blogs - a lista de links ali ao lado tem crescido de forma constante ao longo deste tempo -, o que me faz também encontrar novas receitas e inspirações.

Nestes três meses, publiquei 34 receitas - caramba, já foram assim tantas? Estou definitivamente a cozinhar mais do que cozinhava, o que, espero, me fará cozinhar melhor. E, a propósito, de acordo com as estatísticas do Blogger, a receita mais popular do blog é a do Frango com Mostarda - experimentem a receita, se ainda não o fizeram!

E pronto - quem quiser acompanhar esta viagem pode simplesmente vir espreitar o blog de vez em quando, mas também pode seguir-me no Facebook, onde todos os posts são anunciados, ou no Instagram, onde vão havendo também outras imagens de pratos que vou cozinhando - ou da preparação de receitas que serão publicadas mais tarde. Quem preferir, pode também adicionar o Ponto de Espadana em agregadores como o Bloglovin', o MyTaste, ou o BlogsPortugal.

Ufffffff... É isto. Venham muitos mais meses! :)





(mudar para português)

Today this blog is three months old, and I thought it might be a good time to review this adventure so far.

As I mentioned in the first post, the idea to create a blog in 2017 might be strange, but it’s still exciting. Comparing to my previous experience with cooking blogs - Cozinha com Tomates -, the blogosphere (does anyone still use this term?…) is now a lot different and less dynamic. Nowadays, it is essential to keep a regular presence on all other social networks, since the old habit of checking the last posts of the blogs we follow got replaced by following them on Facebook or Instagram.

Still, it has been a great journey. The intention of this blog was never the number of followers, but instead the sharing of recipes or ideas around them, and the possibility of discussing them with other people. Or, at least, to know that people are reading them and getting inspired to go and cook. At least on that aspect, this experience has certainly been worth it. I have “met” new people and discovered new blogs - the links list there on the side has been constantly growing over time -, which makes me also find new recipes and inspirations.

Over these three months, I published 34 recipes - that looks like way more than I’d thought. I am definitely cooking more than I used to, which, I hope, will also make me cook better. And, by the way, according to the Blogger statistics, the most popular recipe in the blog is the Chicken with Mustard - try it out, if you haven’t yet!

And that’s it - if you want to join me on this voyage, you can simply come and check the blog once in a while, but you can also follow me on Facebook, where I announce all posts, or on Instagram, where I sometimes also post other photos of dishes I make - or the preparation of recipes that I end up publishing later. If you prefer, you can also add Ponto de Espadana in blog aggregators such as Bloglovin', MyTaste, or BlogsPortugal.

Right, I’m off now. Here’s to many more months! :)

Massa com salsicha fresca e castanhas | Sausage and chestnuts pasta

16/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Esta é uma opção ideal para um almoço de Outono. Estamos em Outubro, os dias (pelo menos aqui em Londres) já arrefeceram - e sabe bem uma comida assim, aconchegante, com o sabor das castanhas a combinar na perfeição com a carne e o molho de tomate.

A receita original é da BBC Good Food.

Uma nota em relação à carne - se há coisa que os ingleses fazem melhor do que nós são salsichas frescas. Sempre me fez confusão como é que em Portugal temos uma tradição tão profunda de enchidos fumados, mas tão pouca imaginação nas salsichas frescas - salvo raras excepções, uma salsicha fresca é uma salsicha fresca e é igual em todo o lado. Aqui a variedade de recheios de salsichas frescas é muito maior - há salsichas frescas simples, mas também com maçã, com pimenta preta, com cebola caramelizada, com alho-francês, com bacon, com alperce, com colorau, agri-doces… enfim, uma variedade enorme e muito saborosa, o que faz com que um prato como este possa ser facilmente modificado em termos de sabor. Dito isto, se quiserem modificar a receita à vossa maneira e não tiverem muita variedade de salsichas por onde escolher, podem sempre preparar a vossa própria mistura, juntando os vossos temperos e ingredientes preferidos a uma base de simples carne picada.

Martini

13/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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É hora de falar do Martini. É possível que esta frase vos traga à cabeça recordações de pedirem um Martini num bar e o barman perguntar "bianco ou rosso?", mas não me refiro a isso. Esse Martini é uma marca italiana de vermute. Bastante popular, sim, mas apenas um vermute (um vinho aromatizado e fortificado) e não um cocktail - e é deste último que vamos falar. Um cocktail. Aliás - O cocktail.

O Martini é provavelmente o mais clássico dos cocktails clássicos. Há inúmeros livros só sobre o Martini e as suas variações. Há estudos científicos sobre a sua preparação (a eterna discussão sobre se o coktail deve ser agitado ou mexido - o shaken, not stirred que os filmes do James Bond tornaram famoso - e eu estou firmemente no campo do mexido; agitar quebra muito mais o gelo, dilui mais a bebida e torna-a mais turva, tudo coisas que não são desejáveis num Martini, diga Bond o que disser).

Mas afinal, o que é o Martini? É a perfeição num copo - gin e vermute branco. Nada mais, nada menos. A complicação vem nas proporções, que foram mudando ao longo dos anos. Desde a proporção de 2 partes de gin para 1 de vermute publicada em 1922 até à preferência do actor e dramaturgo inglês Noël Coward, que defendia que o Martini perfeito era um copo cheio de gin agitado mais ou menos na direcção de Itália, vai todo um mundo. Aliás, parte do gozo deste cocktail está precisamente na necessidade de experimentar vários até acertarmos com as proporções preferidas.

No meu caso pessoal, o equilíbrio perfeito entre o gin e o vermute é este: 50ml de gin, 15 de vermute branco. A acompanhar, um twist de casca de limão ou uma azeitona verde (prefiro o limão). E está feito!

Peitos de frango recheados com farinheira, cogumelos e tâmaras | Chicken breasts with farinheira, mushrooms and dates

10/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Há uns anos fazia esta receita com alguma regularidade. Depois, não sei porquê, acabou por ficar de lado. É estranho como vamos mudando os hábitos alimentares, como receitas novas acabam por substituir outras que já faziam parte da mobília. E, quando isso acontece, sabe bem voltar a reencontrar essas comidas. É bom ver que ainda nos lembramos como se faz e que conseguimos trazer de volta os mesmos sabores.

Este recheio é uma pequena maravilha. Fica muito bem com o frango, e provavelmente ficará bem noutros pratos ou a rechear outro tipo de carnes. Para acompanhamento, usem o que mais vos apetecer. Uma salada fresca é uma opção, por exemplo. Se bem que desta vez fomos mesmo para as batatas assadas que já publiquei aqui no blog - ficaram óptimas!

Mini panna cotta de maçã e amora | Apple and blackberry mini panna cotta

06/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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A cozinha italiana é uma das minhas paixões e tem sido uma influência constante na forma como vou aprendendo a cozinhar. É uma cozinha simples, despretensiosa e generosa, que aproveita os bons ingredientes das melhores formas. Tem muitos pontos de contacto com as nossas tradições, o que faz com que seja fácil e interessante cruzar ideias e sabores e ver o que sai. Para além de tudo isto, é também uma cozinha com óptimas sobremesas!

A panna cotta é um óptimo exemplo. Com um nome que significa literalmente "natas cozidas", é quase só isso - natas, açúcar e gelatina, fervidas durante algum tempo, e levadas ao frigorífico para solidificar. Mas essa aparente simplicidade esconde um potencial criativo enorme - porque o sabor da panna cotta está principalmente na cobertura que usamos, e aí há todo um mundo para explorar e inventar.

Já não fazia esta sobremesa há muito tempo e pus-me a pensar no tipo de cobertura que poderia usar. Sabia que queria usar frutas, mas não tinha a certeza quais. Ao olhar para o que tinha na cozinha, as maçãs chamaram-me a atenção, por não ser uma combinação muito habitual com esta sobremesa. A partir daí, foi só arranjar mais alguns sabores, pensar em quantidades e experimentar. E saiu bem!

Salmão com crosta de lima, sésamo e mel | Salmon with a lime, sesame and honey crust

04/10/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Uma das coisas que me surpreendeu quando me mudei para Londres foi a dificuldade que há em encontrar bom peixe fresco, pelo menos por comparação com Portugal, onde temos tanto e de tão boa qualidade. Inglaterra tem mais tradições de carne e, por muitos anos, o pouco peixe que se comia era frito e acompanhado de batatas fritas. Não é que eu tenha algo contra o tradicional fish & chips - pelo contrário, quando bem feito e com a polme certa, o peixe fica uma maravilha, a desfazer-se na boca, e com um sabor óptimo. Mas estando habituado às tradições portuguesas, é difícil perceber como é possível, na capital de um país que é toda uma ilha, haver tão pouca escolha.

Uma das notórias excepções é o salmão. Sendo um peixe de águas frias, pesca-se muito no Reino Unido, e é fácil encontrá-lo (e de boa qualidade!) à venda. Ainda para mais, é um peixe consensual cá em casa - os miúdos adoram "peixe cor-de-rosa". Fazemo-lo muitas vezes no forno, mas desta vez queria tentar algo diferente. Pus-me a pensar nos sabores que sei combinarem bem com o salmão e no que poderia misturar para acompanhar as postas enquanto assam no forno - e saiu esta receita.

O resultado valeu a pena. O ácido suave da lima e o doce do mel, o crocante do pão ralado e o toque discreto do sésamo, o cebolinho no final - esta crosta é perfeita para acompanhar uma boa posta de salmão. E o "peixe cor-de-rosa" voltou a não desiludir.

Guacamole com pistácios | Guacamole with pistachios

02/10/2017

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Adoro guacamole. Tragam-me uma taça para a mesa e umas quantas tortilhas fritas e está o vício instalado. Ainda por cima, não é difícil de preparar em casa. Há inúmeras receitas - perguntem a 10 mexicanos e obterão 10 variações ligeiramente diferentes. A base, no entanto, é sempre a mesma - abacate, sumo de lima, sal... e cebola, e talvez uma malagueta, e já agora uns coentros... Curiosamente, e ao contrário do que tantas vezes se vê por aí, não é suposto levar tomate. O tomate picado vem do pico de gallo, um outro molho mexicano que leva tomate, cebola, coentros, malaguetas, sal e sumo de lima - conseguem ver a semelhança, certo? Em vez de estar a preparar dois molhos diferentes e a misturá-los, muita gente resolve cortar a direito e misturar o tomate directamente no guacamole. Mas não digam aos vossos amigos mexicanos, que talvez não achem muita graça...

Dito tudo isto, esta receita também não é genuína. Ou melhor, até é, relativamente (foi adaptada do site mexicano do Chef Oropeza), mas tem o acrescento dos pistácios, que lhe dão uma textura e um sabor ligeiramente diferentes. Por vezes é difícil encontrar pistácios sem sal - se não encontrarem, façam a receita sem eles (os pistácios salgados têm demasiado sal e não resultariam bem aqui).

Bellini

29/09/2017

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O Bellini nasceu no Harry's Bar, em Veneza, pela mão do fundador, Giuseppe Cipriani, que achou que a cor do cocktail fazia lembrar os tons dos quadros do pintor veneziano Giovanni Bellini.

Felizmente, não é preciso ir a Veneza para experimentar este cocktail - e não é preciso grande mão-de-obra. Basta ter pêssegos à mão e uma garrafa de prosecco. Claro que as variações são possíveis - não havendo prosecco à mão, qualquer outro espumante pode ser usado (ninguém se vai chatear se usarem champanhe!). A fruta também pode variar (já vi receitas de Bellinis de maracujá e até de ruibarbo), mas o ideal é ficar pelo pêssego.

A propósito - um Bellini como deve ser deve ser feito com pêssegos brancos, que têm uma polpa muito mais clara, dando um tom mais rosado ao cocktail. Quando não se encontram destes, um pêssego amarelo serve perfeitamente (como provavelmente perceberão pela cor na foto ali em cima, foi o que me aconteceu desta vez).


Orazione nell'Orto, de Giovanni Bellini. Aquilo ao fundo é uma alvorada de pêssego ou já bebi demais?...

Batatas assadas | Roast potatoes

27/09/2017

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Hoje temos um acompanhamento. E sim, sei que são "só" batatas no forno, mas são umas batatas que ficam bastante estaladiças por fora e incrivelmente suaves por dentro. Fiz estas batatas para acompanhar uma peça de carne que tínhamos a assar e não me lembro de ver batatas desaparecer tão depressa!

Uma nota quanto à gordura - o azeite é uma alternativa óptima (e, claro, mantém a receita como opção válida para vegetarianos). No entanto, para quem preferir, vale a pena tentarem encontrar a gordura de pato ou ganso para a assadura - o sabor fica irresistível. Aqui em Inglaterra é fácil encontrar esta gordura à venda em supermercados; em Portugal, encontra-se no Corte Inglés, mas não sei quão fácil é noutros locais.

A receita original é da BBC Good Food.

Caril de lentilhas, coco e cenoura | Coconut, carrot and lentil curry

25/09/2017

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Encontrei esta receita no Pretty.Simple.Sweet. e fiquei imediatamente interessado. Adoro lentilhas, ainda mais em caril, e ao ler a receita já estava a imaginar o sabor que deveria ter.

Não me enganei - este caril é óptimo. Simples de fazer, com muito sabor e uma óptima alternativa para qualquer refeição. E é versátil - as cenouras podem facilmente ser substituídas por abóbora ou batata-doce e é fácil misturar quaisquer outros ingredientes que tenham em casa e queiram aproveitar. Se quiserem uma versão completamente vegetariana, retirem simplesmente a manteiga.

Para acompanhar, servi o caril acompanhado de arroz de coco e a combinação foi perfeita.

Gelado de pêssego e amêndoa amarga | Peach and bitter almonds liqueur ice cream

22/09/2017

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Esta foi uma daquelas receitas que aparecem sem sabermos bem de onde. Ao passar numa mercearia de bairro, olhei para as bancas de fruta na rua, reparei no óptimo aspecto dos pêssegos e pensei no que poderia fazer com eles. Não sei porquê, mas veio-me à cabeça não só a ideia de fazer um gelado, mas também a combinação exacta de sabores - gelado de pêssego com amêndoa amarga. O pêssego combina bem com o sabor da amêndoa - é bastante comum encontrar receitas de pêssegos assados com os biscoitos italianos amaretti, por exemplo -, mas nunca tinha experimentado em gelado. E digo-vos, vale bem a pena.

Para o gelado, adaptei a receita do Perfect Scoop, o livro de gelados do David Lebovitz, mas acrescentando o licor de amêndoa amarga e os amaretti. Para servir, enfeitei com amêndoa laminada e um fio de mel, mas estes são perfeitamente opcionais - este gelado é óptimo comido simples, directamente do recipiente. Aliás, difícil vai ser não acabar com ele todo de uma vez!

Almôndegas de borrego com grão e tomate | Lamb meatballs with tomato and chickpeas

20/09/2017

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Bem sei que a carne de borrego não é consensual - há muita gente que não gosta ou já teve más experiências com carne mal preparada. Cá em casa gostamos bastante e usamos muitas vezes no dia-a-dia. Para além disso, é uma carne muito popular e fácil de encontrar em Inglaterra - aliás, no geral há muito boa carne ou não fosse este um país cheio de campo e pastagens. O problema aqui é com o peixe, mas isso é um tema para outro dia.

Estas almôndegas não são difíceis de preparar e ficam óptimas, com um molho espesso e muito aromático, que combina perfeitamente com o cuscuz. Se não encontrarem almôndegas de borrego, podem comprar carne de borrego picada e moldar as vossas próprias almôndegas. Para quem não apreciar borrego, não tenham receio de substituir por almôndegas de carne de vaca, mantendo o resto da receita como está.

Salame de chocolate | Chocolate salami

18/09/2017

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Depois de há dias ter feito um bolo de bolacha, fiquei com vontade de tentar outras sobremesas clássicas, ou pelo menos aquilo a que poderíamos facilmente chamar a Santíssima Trindade das Festas de Aniversário dos Anos 80 - bolo de bolacha, salame de chocolate e pudim Molotov. O pudim fica para depois, porque hoje é dia de salame.

Diz a Wikipédia que o salame de chocolate é típico em Portugal e Itália - não faço ideia quanto aos italianos, mas em Portugal é omnipresente. E de forma justa, porque é impossível resistir a uma combinação de chocolate e bolachas, certo? Ainda para mais, é simples de fazer em casa e permite algumas variações interessantes para quem quiser ajustá-lo mais ao seu gosto.

Ao fazer pesquisa para o salame (que nunca tinha cozinhado antes), encontrei a receita do Pretty.Simple.Sweet. que me chamou a atenção e que resolvi experimentar. Gostei muito do resultado final, mas as crianças lá em casa queixaram-se que “não sabe ao mesmo que comemos em casa da avó”, referindo-se ao salame de supermercado. Percebo-os: esta receita é muito menos doce, visto que usa bolachas digestivas e chocolate negro, que é muito mais amargo. O sabor está perfeito para mim, não tanto para eles. Mas quem preferir um salame mais doce, pode facilmente substituir o chocolate negro por chocolate de leite e/ou as bolachas por bolacha Maria, aproximando mais o resultado do salame mais tradicional.

Frango no forno com abóbora, alcachofras e azeitonas | Roast chicken with butternut squash, artichokes and olives

15/09/2017

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Os assados são das refeições mais práticas de fazer - seja ao fim de um dia atarefado ou num fim-de-semana preguiçoso. Basta juntar os ingredientes, levá-los ao forno, e esperar, fazendo outras coisas, ou parando sem fazer nada, idealmente com um copo de vinho na mão, enquanto o forno faz tudo sozinho.

Este assado veio publicado na revista Good Food, da BBC, e é muito bom. O sabor vem principalmente do tempero com os orégãos e as sementes de cominho, mas as alcachofras no final também ajudam muito. Para quem quiser uma alternativa de frango interessante e muito saborosa, esta é uma óptima escolha.

Uma nota em relação à abóbora - a receita que segui usa o que aqui chamam butternut squash (nome científico Cucurbita Moschata). Julgo que se vende em algumas grandes superfícies em Portugal com o nome de abóbora-manteiga, embora esse não seja necessariamente o único nome, ou o mais correcto, desta espécie - no site da Câmara de São Brás de Alportel chamam-lhe abóbora-frade; noutras páginas encontrei quem lhe chamasse abóbora-da-Guiné, abóbora-negra ou abóbora-rasteira. De qualquer forma, se tiverem outros tipos de abóbora à mão, podem sempre experimentar (e para quem tiver dúvidas sobre usar abóbora em vez da mais tradicional batata, garanto que é uma surpresa muito agradável; fica óptima, e a desfazer-se na boca no final da assadura).

Limonada com framboesas | Lemonade with raspberries

13/09/2017

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O calor já praticamente se foi aqui em Londres, e já começa a cheirar a Outono. Ainda assim, de vez em quando há dias em que a temperatura sobe, e apetece qualquer coisa para refrescar - e lembrar os dias mais quentes de Verão.

A limonada é a bebida ideal - simples de fazer, refrescante, saudável. Em Inglaterra é mais comum fazê-la com água com gás, mas eu prefiro assim, à nossa maneira, só limão, água e açúcar, sempre nas mesmas proporções - 2 limões e 100 gramas de açúcar para 1 litro de água. As framboesas... bem, são só para lhe dar um toque diferente. Uma limonada cor-de-rosa fica quase exótica. Não há grande diferença no sabor (4 framboesas não chegam para alterar grande coisa), mas o colorido só por si já vale a pena.

Uma variante que também resulta muito bem é usar duas limas em vez de um dos limões, deixando a limonada mais aromática.

Bolo de bolacha | Biscuit cake

11/09/2017

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O bolo de bolacha é um verdadeiro clássico. É um dos bolos mais simples de fazer, mas a simplicidade esconde um sabor que faz parte da minha infância - e, desconfio, da infância de muitos mais (provavelmente porque não havia festa de anos onde não houvesse um bolo destes).

Foi só quando fui para Lisboa que descobri o outro bolo de bolacha, com natas e doce de ovos, mas nunca me convenceu. Falta-lhe tudo o que este tem: o sabor do café e o creme de manteiga. As bolachas esmigalhadas por cima, para dar textura. O prazer de cortar uma fatia e ver aquelas camadas de bolacha no interior. Tudo isso faz parte da maravilha que é este bolo - e para mim, o outro não chega perto.

Estava com saudades e fiz um no fim-de-semana. Segui a receita da Bíblia do Pantagruel - e, como sempre, não falhou.

Bifes de frango com molho de mostarda e mel | Chicken steaks with mustard and honey

07/09/2017

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Ainda de volta das receitas que fiz nas férias... Queria arranjar uma receita simples, ideal para um jantar rápido de preparar e sem grandes complicações. Já não sei bem porque é que me lembrei do molho de mostarda e mel, mas foi uma boa inspiração. Andei à procura de receitas, cruzei umas com as outras, vi o que tinha disponível no frigorífico, e preparei a receita desta forma. E resultou.

É um prato simples e eficaz. A mostarda e o mel são uma conjugação clássica, e o alecrim liga muito bem com ambos. Foi uma boa forma de preparar um jantar de férias, mas é um prato que fica bem em qualquer altura do ano.

Figos com halloumi, presunto, avelãs e mel | Roast figs with halloumi, ham, hazelnuts and honey

05/09/2017

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Já lá vão uns anitos - em 2008, num livro da australiana Donna Hay, descobri uma receita de figos assados com queijo halloumi e presunto. Chamou-me a atenção pela combinação de ingredientes e, principalmente, pelo halloumi, que adoro. Para quem não o conhece, o halloumi é um queijo cipriota com um ponto de fusão bastante alto, o que faz com que seja ideal para assar, grelhar ou fritar. Já se encontra com facilidade em hipermercados, normalmente junto às embalagens de queijo feta.

Sendo tão simples de fazer, é uma receita que se presta bem ao Verão e às férias. Tendo encontrado uns figos óptimos no mercado de Cabanas, levei-os para casa e preparei esta entrada. A receita que sigo já não é bem a da Donna Hay, embora a base seja semelhante. As avelãs acrescentam textura e sabor (a minha ideia inicial era usar pistácios, mas é difícil encontrá-los sem ser salgados, e esses não ficariam bem. Mas hei-de experimentar um destes dias), e o mel dá um toque doce adicional.

Amêijoas com cebola | Clams with onions

04/09/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Férias não são férias sem amêijoas. E amêijoas de férias não são amêijoas de férias sem bastante cebola - e muito molho, para molhar o pão.

Faço amêijoas assim há anos. Não é muito diferente do tradicional Bulhão Pato, mas esse não leva cebola, e eu adoro tê-la no prato. Quanto à mostarda, de início não a usava de todo, mas acrescentei-a à receita depois de umas amêijoas óptimas que comi num restaurante da Graça, nas quais se notava perfeitamente um ligeiro travo a mostarda que fazia toda a diferença. É o meu "ingrediente secreto" (ou era, antes de publicar esta receita...)

Férias não são férias sem amêijoas - e estas férias foram-no, sem dúvida.

Comidas de férias | Holiday food

03/09/2017

Escrito por | Written by Bruno

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E pronto, mais um ano, mais umas férias de Verão.

Foram duas semanas e meia de regresso a Portugal, a visitar família e a aproveitar a praia de Cabanas de Tavira, onde temos feito férias nos últimos sete anos. Foram dias de praia, sol, piscina, bolas de Berlim, mergulhos, areia e descanso, mas também, para aquilo que interessa neste blog, de comida. Não só cozinhada em casa, mas também nos sítios que conhecemos e onde gostamos sempre de voltar, principalmente para pratos que dificilmente encontramos em Londres.

Sopa de letras #2

15/08/2017

Escrito por | Written by Bruno

I say reassuring, because airline food is all about comfort – nothing else. Unlike other meals, its taste is not in any way a function of the ingredients or the molecular changes effected by the introduction of heat (what the dull and sublunary call ‘cooking’), but solely a product of the diner’s own anxiety. The airlines know this full well, which is why they dish up a lot of food in many dinky little portions, and why almost all of those portions so closely resemble sedative potato dauphinoise – or anxiolytic Irish stew. The nervy flyer, wedged in between John Grisham fans and contemplating a death that for sheer, quotidian pathos – Died in that air crash, you say? On her way to a city break in Tallinn? Blimey, what a pointless way to go – is only equalled by slipping in the shower stall on a cake of Imperial Leather, will reach joyfully for the proffered tray because, after all, if you’re eating you must be alive, no?

Will Self e a comida de avião (quando ainda havia comida de avião e não apenas uma sandes - se estivermos com sorte), em The Unbearable Lightness of Being a Prawn Cracker, um dos melhores títulos de sempre na literatura gastronómica.

Vem a propósito, porque vamos de férias - voamos amanhã e espero voltar com receitas de Verão: amêijoas, inevitáveis, mas provavelmente mais qualquer coisa... Até já!

Pie de carne e queijo | Beef and cheese pie

14/08/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Pie. Uma palavra inglesa simples que esconde uma grande variedade de comida - e há poucas coisas mais inglesas que uma boa pie. Em Inglaterra, dividem-se em dois grandes tipos - com puré de batata a envolver o recheio, ou com massa (folhada ou quebrada). São o equivalente aos nossos empadões e empadas, respectivamente, embora muitas vezes as pies com massa sejam autênticos guisados só com uma tampa de massa por cima, enquanto as nossas empadas tendem a ser mais secas por dentro. Eu, que não sou grande fã de empadão, fico-me pelas pies com massa.

É um tipo de comida que se encontra aqui por todo o lado, dos pubs aos mercados de rua, com inúmeras variedades de recheio - com carne e cerveja (as pies de Guinness são um clássico), com legumes, com veado, com bife e fígado (uma das minhas preferidas), ou mais simples, como esta receita, que faço de vez em quando e sai sempre bem.

A receita é adaptada de um livro chamado simplesmente Pie, escrito por Dean Brettschneider, que encontrei um dia em promoção numa loja e trouxe por impulso. Acabou por ser uma boa compra e um bom livro com ideias interessantes para recheios e tipos de massa.

Clover Club

12/08/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Ao longo do tempo vamos encontrando livros que se tornam indispensáveis na cozinha, cada um com uma função diferente. Já aqui falei algumas vezes do The Perfect Scoop do David Lebovitz, a minha bíblia para gelados e sorvetes. Mas há tantos outros... Os absolutamente incontornáveis Cozinha Tradicional Portuguesa, de Maria de Lourdes Modesto ou O Livro de Pantagruel, de Bertha Rosa-Limpo, Jorge Brum do Canto e Maria Manuela Limpo Caetano, para quase tudo o que é português (e não só, no caso do Pantagruel). O Macarons, de Pierre Hermé. E, para cocktails, o completíssimo The Spirits, de Richard Godwin. Este último é uma colecção enorme de bebidas, escrito com um humor perfeito e com bastantes ajudas para quem está a começar.

Logo no primeiro capítulo, Godwin apresenta os "clássicos" - os 25 primeiros cocktails que toda a gente devia começar por experimentar (com o Martini à cabeça, claro, que há-de passar por aqui também). Em oitavo na lista, está este Clover Club, que é um favorito cá em casa - a combinação de gin, vermute, limão e framboesa é perfeita para um fim de dia (ou um começo de jantar com amigos) refrescante.

Algumas notas para iniciados: o vermute francês, ou seco, não é mais do que o vermute branco - em Portugal o mais conhecido será porventura o Martini Bianco (o Martini Rosso é vermute italiano, ou tinto - ou doce), mas há outros, como o Noilly Prat (o que eu normalmente uso). A calda de açúcar faz-se simplesmente levando 2 partes de açúcar amarelo para 1 de água ao lume (as quantidades exactas dependem da quantidade de cocktails que quiserem fazer), mexendo até o açúcar estar dissolvido - nessa altura retira-se do lume e deixa-se arrefecer.

Legumes assados no forno | Oven roasted vegetables

11/08/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Coisas simples - tantas vezes as que resultam melhor. Este é um daqueles acompanhamentos que se faz num instantinho, que dá para aproveitar o que houver em casa, e que combina bem com quase tudo. Basta cortar os legumes, temperar e levar ao forno.

Simples e saudável!

Eton Mess rápido | Quick Eton Mess

10/08/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Andava à procura de uma receita para uma sobremesa simples, rápida, e que pudesse ser servida assim, numa taça pequena ou num copo.

Encontrei este Eton Mess no Giraffes Can Bake, um site que tem muitas e boas receitas para experimentar (o link já está adicionado na lista ali ao lado, que tem vindo a crescer desde que comecei este blog).

O Eton Mess é uma das sobremesas tradicionais inglesas, à base de suspiro, natas e morangos. Diz a lenda (absolutamente falsa, como todas as boas lendas) que, num jogo de críquete no Eton College, um cão atirou ao chão a cesta de piquenique que tinha uma pavlova de morango para a sobremesa, tendo ficado a sobremesa completamente desfeita. Os rapazes não se importaram, comeram-na mesmo assim, e acharam que estava ainda melhor. Nascia assim o Eton Mess. Histórias à parte, é uma sobremesa simples de fazer, ainda para mais nesta versão, que fica pronta num instante e é um bom final para uma refeição.

Pêras bêbedas com creme de mascarpone e amêndoa amarga | Poached pears with mascarpone and bitter almonds liqueur cream

09/08/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Ah, pêras bêbedas! Uma das minhas sobremesas preferidas e que andava esquecida há que tempos! Não sei bem porquê, mas lembrei-me delas e foi tanta a vontade que tive de ir comprar pêras e mascarpone para fazer esta receita.

Originalmente fazia um creme simples de mascarpone, só o queijo e açúcar, mas desta vez pareceu-me bem inventar um pouco. Amêndoa combina bem com pêras, por isso porque não pegar naquela garrafa de amêndoa amarga que está ali guardada e juntar um pouco? A ideia pareceu-me boa, e resultou bem. A quantidade de licor é pouca, mas suficiente para se notar o travo da amêndoa, a complementar bem as pêras.

E é justo - se as pêras estão bêbedas, então que o creme também esteja. Afinal de contas, beber sozinho nunca tem tanta graça.

Frango com mostarda | Chicken with mustard

08/08/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Esta é um dos pratos preferidos cá de casa, e sai sempre bem. O molho é do outro mundo, com os sabores da mostarda, do bacon, da cebola e do tomilho a criarem uma combinação perfeita com o frango.

A receita é do David Lebovitz, publicada no livro My Paris Kitchen. No final da receita ele aconselha acompanhar com massa fresca, que é boa para absorver bem o molho - eu usei legumes assados no forno. Melhor ainda é terem um bom pão na mesa, que vai dar muito jeito para molhar no prato (ou mesmo no tacho!).

Tiramisù

07/08/2017

Escrito por | Written by Bruno



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A cozinha italiana é uma das minhas principais inspirações, desde que a descobri em Milão, onde trabalhei durante 10 meses, num projecto em 1999. Na altura eu era um pequeno selvagem - caramba, eu cortava esparguete com a faca! Lembro-me de deixar vários colegas italianos horrorizados ao verem-me cortar massa, o que para um italiano é algo tão mau - que digo eu? pior ainda! - quanto cortarem-lhes a própria mãe. Mas entretanto fui aprendendo algumas coisas: a enrolar esparguete no garfo, a fazer um risotto em condições - e a fazer Tiramisù.

Uso a mesma receita desde que a descobri, publicada no blog italiano Anice & Canella, que, infelizmente, já não é actualizado desde 2014. Tal como a Paoletta escrevia no post, receitas de Tiramisù há às centenas, e há discussões intermináveis sobre qual a forma correcta de o fazer - com ou sem álcool, com claras ou natas,... Na verdade, como em tantas outras receitas, não há uma receita-padrão, e as variações regionais são normais e bem-vindas. É essa variedade que torna a culinária mais interessante e surpreendente.

De qualquer forma, esta receita é simples e resulta sempre bem. Gosto especialmente dos pedaços pequenos de chocolate, que acrescentam textura e sabor. É raro encontrá-los noutras variantes, mas fazem bastante diferença.

Gago Coutinho

04/08/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Há mais em comum entre cocktails e culinária do que parece à primeira vista. Há o lado óbvio de o cocktail poder acompanhar a comida, tornando interessante tentar procurar a combinação perfeita entre o que se bebe e o que se come. Mas, para além disso, há o lado de poder experimentar com diferentes ingredientes - não só bebidas, mas também caldas, fruta, ervas, e tudo aquilo de que a imaginação se lembrar.

Há cerca de dois anos que comecei a interessar-me por cocktails e a tentar fazer os meus em casa. É um processo criativo, interessante, relativamente barato (há um investimento inicial em algumas garrafas, mas a quantidade de álcool por cocktail é pequena, por isso o custo por copo é muito mais barato do que os preços que são cobrados em bares), e, enfim, fica-se com coisas boas para beber.

O Gago Coutinho é uma alteração minha de um clássico, o Aviation. O original leva gin, sumo de limão, licor Maraschino (feito à base de cerejas Marasca) e Crème de Violette. Como ainda não cheguei a esse extremo de dedicação, não me preocupei sequer em procurar este último ingrediente. Para além disso, em vez de Maraschino usei ginja de Alcobaça, a melhor de todas (não aceito discussões!), o que tornou o cocktail numa versão mais portuguesa do Aviation. Ora, Aviation em versão portuguesa... Gago Coutinho, claro. Pareceu-me o nome ideal. Não é um cocktail que nos faça atravessar o Atlântico, mas é suficientemente bom para tornar o fim do dia mais agradável!