E pronto, mais um ano, mais umas férias de Verão.
Foram duas semanas e meia de regresso a Portugal, a visitar família e a aproveitar a praia de Cabanas de Tavira, onde temos feito férias nos últimos sete anos. Foram dias de praia, sol, piscina, bolas de Berlim, mergulhos, areia e descanso, mas também, para aquilo que interessa neste blog, de comida. Não só cozinhada em casa, mas também nos sítios que conhecemos e onde gostamos sempre de voltar, principalmente para pratos que dificilmente encontramos em Londres.
Comecemos então pelo princípio - nos primeiros dias estivemos na Nazaré, já que sabe sempre bem voltar a casa. Ainda para mais porque pude tirar a barriga de misérias de duas coisas que já queria comer há algum tempo. A primeira:
Caracóis! Adoro-os, e há 3 anos que não tinha oportunidade de comê-los. Saímos da praia e fomos directos à Taberna do T'Izelino, mesmo ali ao pé. Os caracóis estavam óptimos, a cerveja também, e ainda ficámos para amêijoas e pica-pau.
A segunda comida foi uma surpresa. Já nem sei há quantos anos não comia (desde miúdo, acho eu), mas é um sabor que não se esquece:
Para quem não sabe, isto é um carapau enjoado. Quem já passou pela Nazaré deve ter visto o peixe a secar ao sol na praia. Para secar precisa de 2 a 3 dias ao sol. Se ficar só um dia fica assim, "enjoado". Basta grelhá-lo e tem-se um petisco no prato. Na foto só há um, o último, porque os outros desapareceram rapidamente. Para mim, foi voltar atrás no tempo, a um sabor de infância e juventude que já não sentia há demasiado tempo. É um dos segredos da Nazaré, e vale bem a pena descobri-lo.
No resto do tempo, estivemos em Cabanas, e foi altura de correr as nossas capelinhas habituais. Comer em Cabanas em Agosto é complicado - a procura dos bons restaurantes é demasiada e não é fora do normal ser necessário reservar com quase uma semana de antecedência. O truque que temos usado nos últimos anos é esquecer a ideia de jantar fora e ir antes almoçar - ao almoço é muito mais fácil arranjar mesa.
Começámos pela Noélia, que tem ganho cada vez mais popularidade nos últimos anos - e merece-a toda. Desta vez fomos para o polvo (na foto, o polvo frito, que acompanha com batata doce frita; também mandámos vir as maravilhosas pataniscas de polvo), mas podíamos ter escolhido qualquer outro prato da lista que de certeza que ficaríamos muito bem servidos. Não há más escolhas na Noélia.
Apesar de já nos ter sido recomendado antes, só experimentámos o Sabores da Ria no ano passado, mas compensámos indo lá várias vezes durante essas férias. E este ano, claro, voltámos. Na foto está a raia alhada, uma maravilha de sabor. O arroz de lingueirão também é um favorito nosso. Nunca pedimos o rodízio de peixe, mas dele já ouvimos bastantes elogios.
O Pedro é uma escolha de longa data. Fomos lá no nosso primeiro ano em Cabanas, em 2011, e pedimos uma feijoada de lingueirão. Adorámos o sabor, e de todas - todas! - as vezes que lá voltamos, ano após ano, é propositadamente para a feijoada, apesar de já não estar na lista há uns 5 ou 6 anos! Verão sem feijoada de lingueirão no Pedro não é Verão em condições. Este ano, tal como em todos os outros, estava perfeita.
E finalmente, é inevitável falar da Delizia, a melhor geladaria de Cabanas e da região, com uma escolha bastante diversificada de gelados artesanais, muitos deles feitos com os sabores locais do Algarve, e todos a fazer envergonhar muitas geladarias mais conhecidas. O espaço de Cabanas está renovado e alargado, os de Tavira continuam óptimos como sempre. Sem dúvida, a melhor maneira de terminar a noite - ou a tarde, ou a manhã, ou sempre que apetecer.
E pronto, aberto o apetite com estas fotos, o blog volta ao normal. Daqui para a frente voltarão as receitas!
(mudar para português)
Another year, another Summer holiday.
We went back to Portugal for two and a half weeks, to visit our families and enjoy the beach at Cabanas de Tavira, where we have been going for holiday for the last seven years. These were days filled with the beach, the sun, the swimming pool, bolas de Berlim (Portuguese custard-filled doughnut-type pastries, sold at the beach), swimming, the sand and resting - but also, for what matters most to this blog, with food. Not only home cooked food, but also at the places we came to know and love and to where we always enjoy returning, especially for the type of dishes that would be very difficult to find in London.
Let’s start from the beginning - for the first few days, we stayed at Nazaré, as it always feels good to go back home. This gave me a change to try two things that I hadn’t eaten in a while and that I really missed. This is the first:
Snails! I love them - and it had been 3 years since I had eaten them last! These are the traditional ones in Portugal, much different than the more well-known French version. We eat mainly the small ones, which we boil in water with garlic, onion, bay leaf, salt, pepper, a touch of piri-piri and oregano - it’s delicious! We got out of the beach and went straight to Taberna do T'Izelino, very close to the sand. The snails were excellent, and so was the beer - we ended up also ordering some clams and some pica-pau (small pieces of pork marinated in garlic, bay leaf, lemon and white wine, then fried in butter and a bit of mustard and served with pickles).
The second thing was a surprise. I can’t even tell how many years had passed since the last time I’d eaten it (probably since I was a kid), but it’s a taste you never forget:
This is an enjoado mackerel. “Enjoado” means sick (as in “seasick”) in Portugal. It’s an odd name, but this is simply a slightly dried fish, and very traditional at Nazaré. Usually, mackerel are cleaned, butterflied and salted, and then are left to dry out in the sun. Dried (”seco”) mackerel is left to dry for three days; “enjoado” only one. These are the ones I love - you grilled them and then just eat them like that, or better yet, with some good crusty bread and some olive oil. You can only see one in the photo, because all others disappeared very rapidly. To me, it was like going back in time, to a flavour from my childhood and youth which I hadn’t tried in a long time. It is one of the secrets of Nazaré, and it’s well worth discovering it.
For the rest of the holiday, we were in Cabanas, and it was time to go through the usual places we came to know over the last years. Eating at Cabanas in August is complicated - even though this is a small town, there is a big demand for the best restaurants and it is not uncommon having to reserve a table with almost a week in advance. The trick we have been using in the last couple of years is to forget the idea of dining out and booking lunch instead - it’s much easier to find a table then.
We started with Noélia, which has been becoming more and more popular in recent years - and it’s well deserved. This time we wend for octopus (the photo shows the fried octopus, served with fried sweet potato; we also ordered the wonderful octopus fritters, or pataniscas), but we might as well have ordered any other dish on the menu and we would have certainly found it as excellent. There are no bad choices at Noélia.
Although it had been recommended to us before, we only tried Sabores da Ria last year, but we made up to it by returning several times during that holiday. This year we went back, of course. The photo shows garlic skate, an amazing intense flavour. The razor clam rice is also one of our favourites. We never tried their fish rodízio (a selection of several different fishes, in an all-you-can-eat style), but we heard very good things about it.
Pedro is like an old friend to us. We went there on our first time in Cabanas, back in 2001. We ordered a razor clam bean stew (feijoada de lingueirāo) and absolutely loved it. Since then, every time - without fail - that we go back, year after year, we always order the feijoada, although they took it out of the menu about 5 or 6 years ago! A summer without a razor clam feijoada at Pedro is not a proper summer. This year, as in all others before it, it was perfect!
Finally, we have to mention Delizia, the best ice cream shops in Cabanas and the region, with an incredible diverse choice of artisanal ice creams, most of them made with local ingredients from the Algarve, and all of them putting to shame a lot of other more well-known places. The shop in Cabanas is bigger and renovated, the shops in Tavira remain excellent as always. This is, without a doubt, the best way to finish the evening - or the afternoon, or the morning, or whenever you feel like it.
And that’s it, now that I got you hungry with these photos, the blog returns to normal. From here onwards it’s back to recipes!
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