Vieiras com puré de abóbora e manteiga de salva | Scallops with butternut purée and sage butter

07/11/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Até há bem pouco tempo, nunca tinha cozinhado vieiras. Não sei se demasiados episódios do Hell’s Kitchen, com o Gordon Ramsay a gritar com cozinheiros desesperados, me fizeram ficar inconscientemente intimidado - mas, na verdade, não há razão para isso. Desde que as vieiras sejam frescas e que se tenham alguns cuidados básicos, não é difícil cozinhá-las.

A razão para começar agora é simples: em Setembro abriu um novo mercado semanal muito perto da nossa casa. Uma das bancas é da Portland Scallop Company, que fornece peixe e marisco fresco, apanhado junto à costa de Dorset, no sudoeste inglês. Já tenho falado aqui no blog da dificuldade (pelo menos na minha área) em encontrar uma boa variedade de peixe bem fresco, por isso fiquei bastante contente quando passei a ter oportunidade, pelo menos uma vez por semana, de comprar peixes fresquíssimos e a bom preço: robalos, douradas, tamboril, salmão, salmonete, mas também mexilhões, camarões - e, claro, vieiras.

Num destes domingos, comprei uma dúzia de vieiras para fazer de entrada. Fiz uma pesquisa por receitas e uma em particular chamou-me a atenção, no site da Olive Magazine. As vieiras eram servidas com puré de abóbora-manteiga e cobertas com folhas de salva fritas em manteiga, que me pareceu uma óptima combinação. Não me enganei - o sabor é óptimo e, visualmente, o prato parece muito mais elaborado do que é. Vão ver que é fácil - e ideal como entrada para um jantar com amigos!

Sticky Toffee Pudding

05/11/2019

Escrito por | Written by Bruno



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O Sticky Toffee Pudding (traduzido livremente por mim como Bolo de Toffee Peganhento) é uma das minhas sobremesas inglesas preferidas. Tendo sido popularizado nos anos 70 a partir de um hotel no Lake District inglês, este doce espalhou-se rapidamente e hoje encontra-se um pouco por todo o lado. É desavergonhadamente rico - uma espécie de bolo doce, com tâmaras misturadas na massa e aromatizado com cravinho, coberto com um molho de toffee (daí o nome) e geralmente servido com uma bola de gelado de baunilha, creme inglês ou ambos. O bolo em si é húmido e cheio de sabor e, mesmo com a cobertura, surpreendentemente leve. Ideal quer com uma boa chávena de chá ao lado, ou no final de uma boa refeição.

A receita que segui foi a da Felicity Cloake, publicada no livro "Completely Perfect: 120 Essential Recipes for Every Cook". Tal como de costume, a Felicity analisou e testou várias receitas diferentes e retirou as melhores partes de cada uma até obter a sua receita. Posso confirmar que resulta muito bem - o Sticky Toffee Pudding não deu muito trabalho e saiu óptimo, mesmo como eu queria - leve e muito saboroso!

Barriga de porco com maçã, molho de soja e gengibre | Pork belly with apple, soy sauce and ginger

31/10/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Todas as semanas, aos sábados, o Guardian publica o Feast, um suplemento de cozinha com alguns colaboradores habituais (Yotam Ottolenghi, Felicity Cloake, Thomasina Miers…) e outros convidados, com várias receitas e críticas gastronómicas. Já faz parte da minha rotina folheá-lo de manhã em busca de ideias para as refeições do fim-de-semana.

Numa destas últimas semanas, Ottolenghi publicou três receitas usando maçãs como ingrediente. Esta chamou-me a atenção - como não é difícil de perceber olhando para a lista de receitas aqui no blog, gosto muito de barriga de porco; esta prometia sabores interessantes, com o gengibre, o anis-estralado e o molho de soja a dar um ar oriental que me intrigou. Ottolenghi escreve que foi inspirado pelo adobo de porco Filipino, no qual a carne é marinada e cozinhada num molho à base de molho de soja e vinagre. Esta receita é diferente, mas a soja está lá, bem como vinagre de sidra, que combina bem com o sumo de maçã - e as próprias maçãs, que dão um acompanhamento perfeito à carne.

Asas de frango assadas com batata doce | Roast chicken wings with sweet potato

29/10/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Já várias vezes aqui elogiei receitas de assados. Há qualquer coisa de quase mágico em encher uma assadeira de ingredientes crus, colocá-la num forno quente, ir fazer qualquer coisa - ler um livro, ouvir música, beber um vinho, talvez todas estas ao mesmo tempo - e, passado algum tempo, voltar a abrir o forno e descobrir que os ingredientes se transformaram numa refeição completa, cheia de aromas e sabores e pronta a levar à mesa.

Não é difícil perceber porque me interessei pelo livro “The Roasting Tin - Simple One Dish Dinners”, de Rukmini Iyer. A premissa do livro é simples - refeições que podem ser feitas no forno, usando apenas uma assadeira. Iyer dividiu o livro em vários capítulos, desde carne e peixe a comida vegetariana ou sobremesas, e em todos eles há óptimas ideias de receitas, mas, mais importante ainda, bases para criar outras receitas - que ingredientes combinar, que tipo de sabores procurar, que tempos de assadura. É um belo livro para usar mais o forno - e Iyer já tem mais uns quantos publicados nesta série.

A receita de hoje foi adaptada de lá. É fácil de fazer e a marinada (pimentão-doce, açúcar, azeite, lima, malagueta) dá um sabor óptimo ao frango e à batata-doce, que aqui fica ainda melhor que batata normal. Experimentem - e aproveitem bem a hora que vão passar fora da cozinha à espera que o forno faça a sua magia!

Rolos de canela | Cinnamon rolls

22/10/2019

Escrito por | Written by Bruno



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É sempre uma pena quando descobrimos coisas boas tarde demais. Para mim, o Sweet World Challenge foi uma dessas coisas - uma ideia de duas bloggers portuguesas, a Lia do Lemon and Vanilla e a Susana do Basta Cheio que, todos os meses, sugeriam uma receita doce, geralmente tradicional de qualquer parte do mundo, e desafiavam quem quisesse participar a fazer essa receita (ou qualquer variação sobre a mesma) e partilhar o resultado. Não havia competição nem prémios e o objectivo era mesmo só descobrir receitas novas, partilhar e ver o que outras pessoas tinham feito.

Infelizmente, descobri o Sweet World um pouco tarde, por isso acabei por participar poucas vezes. E entretanto, no início deste ano, a Lia e a Susana terminaram-no. Foi uma pena saber do final, mas às vezes é preciso parar e ganhar tempo e espaço para respirar. Espero que ambas o tenham conseguido.

O último desafio do Sweet World foi uma receita de Rolos de Canela (Cinnamon Rolls), doce muito popular nos países nórdicos, nos Estados Unidos e também aqui, no Reino Unido. Um bolo simples, uma espécie de caracol com recheio de canela e especiarias e, em alguns casos, uma cobertura de açúcar e queijo creme. Já andava há algum tempo para experimentar fazê-los e, quando finalmente me decidi, socorri-me da receita da Lia, que por sua vez a foi buscar ao livro "New York Christmas", de Lisa Nieschlag e Lars Wentrup.

A receita foi simples de preparar, e irresistível de provar. Estavam ainda melhores do que parecem na fotografia!!

Caponata

08/10/2019

Escrito por | Written by Bruno



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As caponatas são como os chapéus: há muitas. Prato de origem siciliana, tem quase sempre uma base de beringela frita, misturada com aipo e alcaparras, num molho agri-doce, à base de vinagre. No entanto, cada terra tem a sua variante - desde polvo a azeitonas, pinhões a batatas, há quem acrescente de tudo um pouco.

A receita que usei vem de um livro que trouxe de Roma - “L’Italia In Cucina - Ricette, Tradizioni, Prodotti”, uma volta por cada uma das regiões italianas, apresentando os seus produtos tradicionais e receitas dos seus melhores pratos, com a característica de cada receita ser disponibilizada por restaurantes locais. É um belo livro para quem gostar da cozinha italiana e quiser explorá-la um pouco mais (convém que estejam mais ou menos à vontade com a língua italiana!).

No caso da caponata, a receita do livro é a do restaurante Don Camillo, de Siracusa. Usei-a como entrada num jantar italiano com amigos, servida com uma focaccia de alecrim, e estava óptima - e no dia seguinte, ainda melhor! Tem sabores fortes - o aipo, os tomates, as alcaparras, o vinagre -, mas confiem em mim: todos eles se equilibram perfeitamente. É uma pequena maravilha, como os italianos tão bem sabem fazer.

Tarte Tatin rápida de manga e lima | Easy mango and lime tarte Tatin

04/10/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Eu sei, eu sei, a verdadeira receita da tarde Tatin é um bocadinho mais complicada que esta e leva massa quebrada em vez de massa folhada. Mas esta, embora meio "aldrabada", é uma boa alternativa. É rápida e muito simples de preparar - e, mais importante ainda, tem um sabor óptimo, com a manga caramelizada a combinar muito bem com o subtil toque de acidez dado pela raspa de lima. A receita original saiu na revista mensal do Waitrose.

Eu sou muito mais da escola italiana que da francesa, mas um dia hei-de aventurar-me numa Tatin em condições. Até lá, se quiserem aproveitar aquelas mangas que estão a amadurecer na fruteira, experimentem esta! Bom fim-de-semana!

Spaghetti all'Amatriciana

30/09/2019

Escrito por | Written by Bruno



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A Amatriciana é uma das receitas clássicas de massa italiana. O nome vem da cidade italiana de Amatrice, onde este prato nasceu, embora tenha feito um sucesso tal em Roma, que rapidamente se transformou num dos pratos tradicionais da capital.

O molho é claramente da região do Lácio - os dois ingredientes principais são produtos locais e, tanto quanto possível, não devem ser substituídos por outros: o queijo pecorino romano (que, comparativamente com outros pecorinos - queijos de ovelha - italianos, é bastante mais salgado, o que ajuda a temperar o molho) e o guanciale (de que já aqui falei quando vos trouxe uma Carbonara), uma carne curada feita a partir de bochechas de porco. Há mais uns quantos ingredientes - tomate, vinho branco e, claro, a massa, que deve ser longa, tipo esparguete ou bucatini. Mas o sabor vem daqueles dois, que aqui podem brilhar. E, na verdade, não é preciso mais nada!

Focaccia com alecrim | Rosemary focaccia

12/08/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Já em contagem decrescente para as férias (mais 2 dias!!), ainda há tempo para publicar uma das receitas que já tinha em lista de espera há algum tempo. Queria fazer focaccia para um jantar italiano com amigos, por isso pus-me à procura de receitas e a fazer o habitual - pesquisar, comparar, adaptar, até ter a minha versão, que me pareça resultar bem.

Foi uma bela ideia. Fazer pão é algo assustador para muita gente, mas a focaccia é simples de fazer e sai fofa e saborosa, como deve ser. Ideal como entrada ou para acompanhar outros pratos - no nosso caso, servimo-la de início, para comer só assim ou para acompanhar uma caponata siciliana (que há-de cá vir parar ao blog também, um destes dias).

Melanzane alla parmigiana

19/07/2019

Escrito por | Written by Bruno



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O blog faz hoje dois anos. Tem sido uma boa forma de organizar as receitas que vou fazendo e, melhor ainda, de partilhá-las com toda a gente. São já 135 receitas diferentes, de vários géneros, que me têm feito cozinhar mais e, espero, melhor. A título de curiosidade, a receita mais popular parece ser a do Pudim Molotof - provavelmente vocês são tão gulosos quanto eu!

A receita de hoje não tem nada a ver com Molotofs, no entanto. São Melanzane Alla Parmigiana, ou beringelas à parmesã, uma receita tipicamente italiana, do sul, e cuja receita me foi passada já há uns anos por uma amiga italiana. Aliás, já a tinha publicado no antepassado deste blog, o Cozinha Com Tomates, e continuo a fazê-la da mesma maneira: fritam-se rodelas de beringela e levam-se ao forno intercaladas com molho de tomate e queijos mozzarella e parmesão (daí o nome). E se dito assim parece simples, é porque é mesmo. No entanto, como em tantos outros bons pratos tradicionais, simples não significa pouco saboroso, antes pelo contrário. As beringelas são fritas em azeite, absorvendo-no e ganhando o seu sabor. O molho de tomate e os queijos complementam-no e fazem com que o resultado final seja uma explosão de sabores tipicamente mediterrâneos e genuinamente italianos. Não é uma receita leve, longe disso, mas é uma maravilha em qualquer mesa.

No fundo, uma escolha ideal para um dia de aniversário. Parabéns ao blog - e muito obrigado a todos vocês por o seguirem!

Polvo assado no forno com arroz do mesmo | Oven roasted octopus with octopus rice

16/07/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Polvo. Adoro polvo, seja de que forma for. Infelizmente, não é tão fácil encontrar em Londres polvos bons e grandes como é em Portugal, por isso não os cozinho tanto quanto gostaria.

Desta vez, tínhamos conseguido encontrar um polvo razoável, embora algo pequeno, e tínhamos meio polvo congelado que tinha vindo de Portugal. Resolvi juntar ambos (ficando mais ou menos com o equivalente a um polvo grande inteiro) e tentar fazer polvo assado no forno, acompanhado de arroz do mesmo polvo - já tinha assado polvos várias vezes antes, mas foi a primeira vez que fiz o arroz. Procurei receitas, cruzei tempos e ingredientes e acabei com esta versão, que saiu muito bem. O polvo estava óptimo, o arroz muito saboroso, e a combinação foi perfeita.

O único senão foi não ter arroz carolino à mão, por isso usei agulha. Tirando isso, estava uma maravilha. Já disse que adoro polvo?…