Vieiras com puré de abóbora e manteiga de salva | Scallops with butternut purée and sage butter

07/11/2019

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Até há bem pouco tempo, nunca tinha cozinhado vieiras. Não sei se demasiados episódios do Hell’s Kitchen, com o Gordon Ramsay a gritar com cozinheiros desesperados, me fizeram ficar inconscientemente intimidado - mas, na verdade, não há razão para isso. Desde que as vieiras sejam frescas e que se tenham alguns cuidados básicos, não é difícil cozinhá-las.

A razão para começar agora é simples: em Setembro abriu um novo mercado semanal muito perto da nossa casa. Uma das bancas é da Portland Scallop Company, que fornece peixe e marisco fresco, apanhado junto à costa de Dorset, no sudoeste inglês. Já tenho falado aqui no blog da dificuldade (pelo menos na minha área) em encontrar uma boa variedade de peixe bem fresco, por isso fiquei bastante contente quando passei a ter oportunidade, pelo menos uma vez por semana, de comprar peixes fresquíssimos e a bom preço: robalos, douradas, tamboril, salmão, salmonete, mas também mexilhões, camarões - e, claro, vieiras.

Num destes domingos, comprei uma dúzia de vieiras para fazer de entrada. Fiz uma pesquisa por receitas e uma em particular chamou-me a atenção, no site da Olive Magazine. As vieiras eram servidas com puré de abóbora-manteiga e cobertas com folhas de salva fritas em manteiga, que me pareceu uma óptima combinação. Não me enganei - o sabor é óptimo e, visualmente, o prato parece muito mais elaborado do que é. Vão ver que é fácil - e ideal como entrada para um jantar com amigos!

Sticky Toffee Pudding

05/11/2019

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O Sticky Toffee Pudding (traduzido livremente por mim como Bolo de Toffee Peganhento) é uma das minhas sobremesas inglesas preferidas. Tendo sido popularizado nos anos 70 a partir de um hotel no Lake District inglês, este doce espalhou-se rapidamente e hoje encontra-se um pouco por todo o lado. É desavergonhadamente rico - uma espécie de bolo doce, com tâmaras misturadas na massa e aromatizado com cravinho, coberto com um molho de toffee (daí o nome) e geralmente servido com uma bola de gelado de baunilha, creme inglês ou ambos. O bolo em si é húmido e cheio de sabor e, mesmo com a cobertura, surpreendentemente leve. Ideal quer com uma boa chávena de chá ao lado, ou no final de uma boa refeição.

A receita que segui foi a da Felicity Cloake, publicada no livro "Completely Perfect: 120 Essential Recipes for Every Cook". Tal como de costume, a Felicity analisou e testou várias receitas diferentes e retirou as melhores partes de cada uma até obter a sua receita. Posso confirmar que resulta muito bem - o Sticky Toffee Pudding não deu muito trabalho e saiu óptimo, mesmo como eu queria - leve e muito saboroso!

Barriga de porco com maçã, molho de soja e gengibre | Pork belly with apple, soy sauce and ginger

31/10/2019

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Todas as semanas, aos sábados, o Guardian publica o Feast, um suplemento de cozinha com alguns colaboradores habituais (Yotam Ottolenghi, Felicity Cloake, Thomasina Miers…) e outros convidados, com várias receitas e críticas gastronómicas. Já faz parte da minha rotina folheá-lo de manhã em busca de ideias para as refeições do fim-de-semana.

Numa destas últimas semanas, Ottolenghi publicou três receitas usando maçãs como ingrediente. Esta chamou-me a atenção - como não é difícil de perceber olhando para a lista de receitas aqui no blog, gosto muito de barriga de porco; esta prometia sabores interessantes, com o gengibre, o anis-estralado e o molho de soja a dar um ar oriental que me intrigou. Ottolenghi escreve que foi inspirado pelo adobo de porco Filipino, no qual a carne é marinada e cozinhada num molho à base de molho de soja e vinagre. Esta receita é diferente, mas a soja está lá, bem como vinagre de sidra, que combina bem com o sumo de maçã - e as próprias maçãs, que dão um acompanhamento perfeito à carne.

Asas de frango assadas com batata doce | Roast chicken wings with sweet potato

29/10/2019

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Já várias vezes aqui elogiei receitas de assados. Há qualquer coisa de quase mágico em encher uma assadeira de ingredientes crus, colocá-la num forno quente, ir fazer qualquer coisa - ler um livro, ouvir música, beber um vinho, talvez todas estas ao mesmo tempo - e, passado algum tempo, voltar a abrir o forno e descobrir que os ingredientes se transformaram numa refeição completa, cheia de aromas e sabores e pronta a levar à mesa.

Não é difícil perceber porque me interessei pelo livro “The Roasting Tin - Simple One Dish Dinners”, de Rukmini Iyer. A premissa do livro é simples - refeições que podem ser feitas no forno, usando apenas uma assadeira. Iyer dividiu o livro em vários capítulos, desde carne e peixe a comida vegetariana ou sobremesas, e em todos eles há óptimas ideias de receitas, mas, mais importante ainda, bases para criar outras receitas - que ingredientes combinar, que tipo de sabores procurar, que tempos de assadura. É um belo livro para usar mais o forno - e Iyer já tem mais uns quantos publicados nesta série.

A receita de hoje foi adaptada de lá. É fácil de fazer e a marinada (pimentão-doce, açúcar, azeite, lima, malagueta) dá um sabor óptimo ao frango e à batata-doce, que aqui fica ainda melhor que batata normal. Experimentem - e aproveitem bem a hora que vão passar fora da cozinha à espera que o forno faça a sua magia!

Rolos de canela | Cinnamon rolls

22/10/2019

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É sempre uma pena quando descobrimos coisas boas tarde demais. Para mim, o Sweet World Challenge foi uma dessas coisas - uma ideia de duas bloggers portuguesas, a Lia do Lemon and Vanilla e a Susana do Basta Cheio que, todos os meses, sugeriam uma receita doce, geralmente tradicional de qualquer parte do mundo, e desafiavam quem quisesse participar a fazer essa receita (ou qualquer variação sobre a mesma) e partilhar o resultado. Não havia competição nem prémios e o objectivo era mesmo só descobrir receitas novas, partilhar e ver o que outras pessoas tinham feito.

Infelizmente, descobri o Sweet World um pouco tarde, por isso acabei por participar poucas vezes. E entretanto, no início deste ano, a Lia e a Susana terminaram-no. Foi uma pena saber do final, mas às vezes é preciso parar e ganhar tempo e espaço para respirar. Espero que ambas o tenham conseguido.

O último desafio do Sweet World foi uma receita de Rolos de Canela (Cinnamon Rolls), doce muito popular nos países nórdicos, nos Estados Unidos e também aqui, no Reino Unido. Um bolo simples, uma espécie de caracol com recheio de canela e especiarias e, em alguns casos, uma cobertura de açúcar e queijo creme. Já andava há algum tempo para experimentar fazê-los e, quando finalmente me decidi, socorri-me da receita da Lia, que por sua vez a foi buscar ao livro "New York Christmas", de Lisa Nieschlag e Lars Wentrup.

A receita foi simples de preparar, e irresistível de provar. Estavam ainda melhores do que parecem na fotografia!!

Caponata

08/10/2019

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As caponatas são como os chapéus: há muitas. Prato de origem siciliana, tem quase sempre uma base de beringela frita, misturada com aipo e alcaparras, num molho agri-doce, à base de vinagre. No entanto, cada terra tem a sua variante - desde polvo a azeitonas, pinhões a batatas, há quem acrescente de tudo um pouco.

A receita que usei vem de um livro que trouxe de Roma - “L’Italia In Cucina - Ricette, Tradizioni, Prodotti”, uma volta por cada uma das regiões italianas, apresentando os seus produtos tradicionais e receitas dos seus melhores pratos, com a característica de cada receita ser disponibilizada por restaurantes locais. É um belo livro para quem gostar da cozinha italiana e quiser explorá-la um pouco mais (convém que estejam mais ou menos à vontade com a língua italiana!).

No caso da caponata, a receita do livro é a do restaurante Don Camillo, de Siracusa. Usei-a como entrada num jantar italiano com amigos, servida com uma focaccia de alecrim, e estava óptima - e no dia seguinte, ainda melhor! Tem sabores fortes - o aipo, os tomates, as alcaparras, o vinagre -, mas confiem em mim: todos eles se equilibram perfeitamente. É uma pequena maravilha, como os italianos tão bem sabem fazer.

Tarte Tatin rápida de manga e lima | Easy mango and lime tarte Tatin

04/10/2019

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Eu sei, eu sei, a verdadeira receita da tarde Tatin é um bocadinho mais complicada que esta e leva massa quebrada em vez de massa folhada. Mas esta, embora meio "aldrabada", é uma boa alternativa. É rápida e muito simples de preparar - e, mais importante ainda, tem um sabor óptimo, com a manga caramelizada a combinar muito bem com o subtil toque de acidez dado pela raspa de lima. A receita original saiu na revista mensal do Waitrose.

Eu sou muito mais da escola italiana que da francesa, mas um dia hei-de aventurar-me numa Tatin em condições. Até lá, se quiserem aproveitar aquelas mangas que estão a amadurecer na fruteira, experimentem esta! Bom fim-de-semana!

Spaghetti all'Amatriciana

30/09/2019

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A Amatriciana é uma das receitas clássicas de massa italiana. O nome vem da cidade italiana de Amatrice, onde este prato nasceu, embora tenha feito um sucesso tal em Roma, que rapidamente se transformou num dos pratos tradicionais da capital.

O molho é claramente da região do Lácio - os dois ingredientes principais são produtos locais e, tanto quanto possível, não devem ser substituídos por outros: o queijo pecorino romano (que, comparativamente com outros pecorinos - queijos de ovelha - italianos, é bastante mais salgado, o que ajuda a temperar o molho) e o guanciale (de que já aqui falei quando vos trouxe uma Carbonara), uma carne curada feita a partir de bochechas de porco. Há mais uns quantos ingredientes - tomate, vinho branco e, claro, a massa, que deve ser longa, tipo esparguete ou bucatini. Mas o sabor vem daqueles dois, que aqui podem brilhar. E, na verdade, não é preciso mais nada!

Focaccia com alecrim | Rosemary focaccia

12/08/2019

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Já em contagem decrescente para as férias (mais 2 dias!!), ainda há tempo para publicar uma das receitas que já tinha em lista de espera há algum tempo. Queria fazer focaccia para um jantar italiano com amigos, por isso pus-me à procura de receitas e a fazer o habitual - pesquisar, comparar, adaptar, até ter a minha versão, que me pareça resultar bem.

Foi uma bela ideia. Fazer pão é algo assustador para muita gente, mas a focaccia é simples de fazer e sai fofa e saborosa, como deve ser. Ideal como entrada ou para acompanhar outros pratos - no nosso caso, servimo-la de início, para comer só assim ou para acompanhar uma caponata siciliana (que há-de cá vir parar ao blog também, um destes dias).

Melanzane alla parmigiana

19/07/2019

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O blog faz hoje dois anos. Tem sido uma boa forma de organizar as receitas que vou fazendo e, melhor ainda, de partilhá-las com toda a gente. São já 135 receitas diferentes, de vários géneros, que me têm feito cozinhar mais e, espero, melhor. A título de curiosidade, a receita mais popular parece ser a do Pudim Molotof - provavelmente vocês são tão gulosos quanto eu!

A receita de hoje não tem nada a ver com Molotofs, no entanto. São Melanzane Alla Parmigiana, ou beringelas à parmesã, uma receita tipicamente italiana, do sul, e cuja receita me foi passada já há uns anos por uma amiga italiana. Aliás, já a tinha publicado no antepassado deste blog, o Cozinha Com Tomates, e continuo a fazê-la da mesma maneira: fritam-se rodelas de beringela e levam-se ao forno intercaladas com molho de tomate e queijos mozzarella e parmesão (daí o nome). E se dito assim parece simples, é porque é mesmo. No entanto, como em tantos outros bons pratos tradicionais, simples não significa pouco saboroso, antes pelo contrário. As beringelas são fritas em azeite, absorvendo-no e ganhando o seu sabor. O molho de tomate e os queijos complementam-no e fazem com que o resultado final seja uma explosão de sabores tipicamente mediterrâneos e genuinamente italianos. Não é uma receita leve, longe disso, mas é uma maravilha em qualquer mesa.

No fundo, uma escolha ideal para um dia de aniversário. Parabéns ao blog - e muito obrigado a todos vocês por o seguirem!

Polvo assado no forno com arroz do mesmo | Oven roasted octopus with octopus rice

16/07/2019

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Polvo. Adoro polvo, seja de que forma for. Infelizmente, não é tão fácil encontrar em Londres polvos bons e grandes como é em Portugal, por isso não os cozinho tanto quanto gostaria.

Desta vez, tínhamos conseguido encontrar um polvo razoável, embora algo pequeno, e tínhamos meio polvo congelado que tinha vindo de Portugal. Resolvi juntar ambos (ficando mais ou menos com o equivalente a um polvo grande inteiro) e tentar fazer polvo assado no forno, acompanhado de arroz do mesmo polvo - já tinha assado polvos várias vezes antes, mas foi a primeira vez que fiz o arroz. Procurei receitas, cruzei tempos e ingredientes e acabei com esta versão, que saiu muito bem. O polvo estava óptimo, o arroz muito saboroso, e a combinação foi perfeita.

O único senão foi não ter arroz carolino à mão, por isso usei agulha. Tirando isso, estava uma maravilha. Já disse que adoro polvo?…

Camarão com orzo, tomate e feta | Prawns with orzo, tomato and feta

10/07/2019

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Quando vi esta receita no "Simple", o livro de Yotam Ottolenghi que já aqui trouxe várias vezes, achei-a curiosa - camarões num molho de tomate e queijo feta não me pareceu uma combinação comum, mas já me habituei a confiar plenamente nas escolhas e nos sabores de Ottolenghi. Mais uma vez, essa confiança foi merecida.

Este prato é simples de preparar - faz-se numa única frigideira funda e parece ser apenas uma mistura de massa orzo, tomate, queijo feta e camarão. Mas tem muitos mais sabores 'escondidos' - o funcho a dar mais sabor ao queijo, o alho e a casca de laranja a aprofundar o molho de tomate, o manjericão a refrescar tudo no fim… O resultado final é óptimo. Abram um bom vinho branco e deliciem-se!

Frango assado com manga, feijão e arroz | Roast chicken with mango, kidney beans and rice

04/07/2019

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Há uns meses, a revista BBC Good Food publicou um suplemento com 150 receitas de frango - sim, 150! A lista é enorme e variada e inclui quase todos os tipos de receitas que possam imaginar (com excepção de sobremesas - suponho que a BBC ainda não conheça o manjar branco de Coimbra). Hoje trago-vos uma dessas receitas, que já fizemos várias vezes e corre sempre bem.

É um daqueles assados de forno práticos e simples de fazer - simplificando um pouco, a ideia é juntar os ingredientes numa assadeira, levar ao forno e comer. Enfim, não é assim tão simples, mas vocês percebem a ideia.

Os sabores são muito interessantes - o frango é inicialmente marinado em cebolinha, gengibre, alho, coentro, tomilho, lima e pimenta-da-Jamaica, que lhe dá um sabor complexo. Vai depois ao forno com o arroz (que coze no forno, junto com o resto), os feijões e a manga. Termina-se com um pouco de chutney de manga, para dar o toque final. Escolham o chutney que preferirem, mais ou menos doce, mais ou menos picante, conforme o vosso gosto. Se não arranjarem chutney, não se preocupem - a receita funciona bem sem ele. Ou, em alternativa, usem um doce de manga que não seja demasiado doce.

Arroz de entrecosto em vinha d'alhos | Rice with roast pork ribs in wine and garlic

19/06/2019

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Viver num país diferente, numa cidade com acesso fácil a ingredientes a que não estava habituado (não só de produção local, mas também de muitas outras partes do mundo), torna fácil descobrir receitas novas, outras formas de cozinhar e sabores desconhecidos. Mas, às vezes, o que apetece é algo assim - comida familiar, reconfortante, com sabores "nossos" e sem grandes acrescentos.

Encontrei esta receita em tempos, no Hoje Para Jantar, o blog da Vera Ferraz. Fiquei interessado e guardei o link para experimentar mais tarde. Acabou por demorar mais do que estava à espera (descobri a receita há mais de um ano, em Janeiro de 2018), mas ainda bem que a guardei, porque a receita saiu muito bem, apesar de uma diferença considerável: é difícil encontrar arroz carolino em Londres (não é impossível, mas não tenho nenhuma loja de produtos portugueses nas redondezas, e não planeei a receita com suficiente antecedência), por isso usei arroz agulha. Ainda assim, ficou um prato muito saboroso e que cumpriu exactamente o que prometia - comida boa, simples, de conforto. Lá está - comida "nossa".

Chouquettes

12/06/2019

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Em 2014 trabalhei durante uns meses num projecto em Paris, com alguns colegas. O escritório onde estávamos não tinha refeitório e não havia muitos sítios à volta onde pudéssemos almoçar. No entanto, se subíssemos a rua íamos ter a uma pequena praça que tinha, numa das esquinas, uma pequena padaria/pastelaria que fazia umas sandes óptimas. Era a nossa opção na maior parte das vezes - o serviço era rápido, o pão era bom e, quando fazia bom tempo, sabia bem levarmos as sandes para o parque que ficava do outro lado da praça. Almoçar sentados num banco de jardim a apanhar sol era o melhor dos contrastes para estarmos o resto do dia fechados no escritório.

Um dia, uma colega minha, francesa, comprou nessa padaria um saco de chouquettes - umas bolinhas de massa, parecidas com profiteroles, cobertas com umas pedras de açúcar grosso. Levou para o escritório, para irmos comendo ao longo da tarde - e desapareceram num instante. Toda a gente adorou e passou a ser um vício ocasional. Lembro-me de pensar na altura que gostava de aprender a fazê-los, porque parecia ser simples. Mas entretanto deixei o projecto e os chouquettes acabaram por ficar meio esquecidos.

Foi só agora, passados cinco anos, que finalmente voltei a lembrar-me deles e experimentei a receita. E ainda bem que o fiz - cada vez que faço uma fornada, ela desaparece em três tempos. Os chouquettes são pequenos, leves (literalmente - são completamente ocos por dentro) e viciantes. São ideais para acompanhar um chá ou um café ao lanche. E a receita é muito simples - basta preparar uma massa choux (a mesma dos profiteroles e dos éclairs), fazer bolinhas com ela, decorar com o açúcar e levar ao forno. E mesmo que nunca tenham feito massa choux antes, não se preocupem: não custa nada!

A receita que sigo é a do David Lebovitz e fica perfeita - mesmo como me lembro daquela pequena pastelaria em Paris!

Só uma pequena nota em relação ao açúcar pérola (não confundir com as pérolas de açúcar, aquelas bolinhas prateadas duras que se usam para decorar bolos!) - este é um açúcar que se apresenta em cristais bastante grossos, o que faz com que não derreta facilmente. É este açúcar que dá a doçura aos chouquettes - a massa em si tem apenas 2 colheres de chá de açúcar, que mal se notam. Também se vende como 'açúcar casson', 'açúcar perlé', 'açúcar em grão' ou 'açúcar em pepitas'.

Massa com grão, espinafres e za'atar | Pasta with chickpeas, spinach and za'atar

04/06/2019

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Tal como tantas outras receitas de Yotam Ottolenghi, esta, retirada do livro "Simple", é uma maravilha de sabores. Se há coisa que Ottolenghi sabe fazer é combinar ingredientes e especiarias para obter sabores fora do comum que resultam muito bem. Neste caso há a mistura de cominhos, tomilho, anchovas e limão que, misturados com o grão ligeiramente frito e as folhas de espinafre e salsa, dão a esta massa um sabor óptimo - e fácil de preparar.

É um prato que não demora muito a fazer e que é uma óptima alternativa quando queremos algo diferente, simples, mas sem compromissos de sabor.

Nota rápida em relação à massa - usem uma massa que seja boa para absorver o molho. No meu caso, usei orecchiette, que é uma óptima escolha. Ottolenghi usa gigli, que é mais difícil de encontrar. Evitem massas longas tipo esparguete, que aqui não resultarão tão bem.

Bakewell tart

30/05/2019

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Quando vim para Londres e comecei a explorar alguns dos doces e sobremesas tradicionais, rapidamente a Bakewell Tart me chamou a atenção. É uma tarte relativamente simples, com todo o sabor a vir de apenas dois ingredientes - a amêndoa e o doce de framboesas. Neste caso, como em tantos outros, a simplicidade é bem-vinda, pelo menos para mim - adoro o sabor da Bakewell Tart! Embora haja variantes cobertas com um glacé e enfeitadas com uma cereja, prefiro-a mesmo assim - só com amêndoa laminada por cima, sem mais nada.

Depois de algumas pesquisas de receitas, acabei por seguir a receita da Felicity Cloake, ela própria tendo feito uma análise de várias receitas até chegar a esta versão. Vale a pena ler as notas dela sobre a história da Bakewell Tart e sobre os diversos ingredientes - bem como todas as outras que publica semanalmente no Guardian!

Fogaças de Alcochete | Alcochete fogaças (cinnamon and lemon cakes)

21/03/2019

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Descobri as fogaças de Alcochete há alguns anos, quando uns amigos me ofereceram um saco delas de presente. Para quem não as conhece, são uns bolos típicos da vila de Alcochete, simples nos ingredientes, a saber a limão e canela, e com a particularidade de serem encruadas por dentro, o que faz contraste com a parte de fora, dura e estaladiça.

Na altura, gostei tanto delas que não descansei enquanto não aprendi a fazê-las. Pesquisei receitas, cruzei tempos e proporções, e descobri que não era difícil - a proporção base é de 1 parte de farinha para 0,7 de açúcar e 0,25 de manteiga. Mais a canela e o limão, uma gema de ovo para pincelar, e está praticamente feito.

Em 2011 publiquei a minha receita no Cozinha com Tomates, desta vez foi só revê-la e afiná-la, experimentando um pouco com o tempo e a temperatura de forno, que estavam misteriosamente ausentes na versão de 2011… O resultado final foi perfeito - a canela e o limão no ponto, a cozedura perfeita.

Alcochete pode estar a mais de 2000 km de distância de Londres, mas assim sempre ficou um pouco mais perto!

Tagliatelle com bolonhesa de cogumelos e lentilhas | Tagliatelle with mushroom and lentil bolognese

19/03/2019

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Encontrei esta receita num dia em que andava à procura de pratos vegetarianos de massa. É uma receita do Jamie Oliver, uma massa com um molho de consistência semelhante a uma bolonhesa, mas com as lentilhas e os cogumelos a substituirem a carne picada.

Como habitualmente nas receitas de Oliver, a preparação é simples, sem comprometer o sabor. É uma receita ideal para uma refeição de família, vegetariana e saudável.

Camarão com sésamo e gengibre | Sesame ginger shrimp

15/03/2019

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Cruzei-me com esta receita no Instagram, num post da Natasha do Salt & Lavender. Guardei a receita para fazer mais tarde - parecia simples e apetitosa, com os camarões cobertos de um molho de óptimo aspecto, salpicados de sementes de sésamo. Não demorei muito a experimentar.

Valeu a pena - a receita é de facto bastante simples, sem deixar de ser saborosa. Se tiverem uns camarões à mão, é uma opção ideal - em poucos minutos podem estar a deliciar-se!

A receita original está aqui, a minha foi ligeiramente adaptada. Servi com arroz basmati.

Penne com atum e salva | Penne with tuna and sage

08/03/2019

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Pelo menos desde 2007 que faço esta massa. A receita original é do livro "Cook With Jamie", do qual gosto muito. No entanto, fiz-lhe algumas alterações - desde logo na erva aromática: enquanto Oliver usa manjericão, eu uso salva. Mudei porque não tinha manjericão na primeira vez que fiz, mas acabei por gostar tanto da salva frita que nunca mais voltei atrás.

É uma massa que faz sempre sucesso cá em casa. É simples de preparar e tem um sabor muito interessante, com cada garfada a trazer o sabor do molho de tomate, mas também do atum, um toque de canela, mais o ácido do limão, todos eles salpicados com o sabor forte da salva.

Já faz parte das receitas "cá de casa" - e quando uma receita chega a esse ponto, é sempre bom sinal.

Jesuítas | Jesuits

05/03/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Uma das desvantagens de Londres é a falta da pastelaria portuguesa. Não é que não haja algumas por cá - e algumas não deixam nada a dever a uma boa pastelaria em Portugal -, mas são difíceis de encontrar. Na nossa zona, por exemplo, não é fácil encontrar boa pastelaria nacional - mais para o final do ano há bolos-rei óptimos numa banca de rua local, mas o resto da variedade não é muito grande.

Que fazer então? Bom, uma alternativa é encontrar receitas e fazer em casa. Foi o caso destes jesuítas. A receita vem no "Lisboeta", do chef Nuno Mendes (o mesmo livro de onde tirei a receita de pastéis de nata) e não é complicada - basta fazer uma calda de açúcar, um creme de ovo, montar os jesuítas e levar ao forno. E ficam óptimos.

Ah, e antes que alguém refile - para mim os jesuítas são assim, sem o creme de açúcar por cima, e com amêndoa palitada. Que me perdoem as boas gentes de Santo Tirso, mas na minha zona são servidos assim - e os sabores de infância são os que nos ficam para sempre!

Alho-francês com ovos e limão em conserva | Leeks with eggs and preserved lemon

01/03/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Fiz esta receita como prato principal, num dia em que queríamos algo simples e vegetariano. No entanto, é algo que fica igualmente bem para um brunch ou um lanche mais substancial - e faz-se num instante! Basta terem os ingredientes a postos e, rapidamente, terão uma refeição óptima pronta a saborear.

No nosso caso, torrámos também umas boas fatias de pão e servimos a mistura de alho-francês, espinafres, ovo e feta directamente sobre o pão - ficou óptimo!

Quanto aos ingredientes, nada de muito complicado, tirando talvez os limões em conserva (de que falei aqui) e o za’atar (explicado aqui) - vale bem a pena tentarem encontrá-los, são ambos ingredientes muito interessantes.

A receita foi retirada do livro "Simple", de Yotam Ottolenghi.

Macarons de lima e manjericão | Lime and basil macarons

12/02/2019

Escrito por | Written by Bruno



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Esta receita não é muito diferente da outra de macarons que já publiquei - a diferença está fundamentalmente no recheio. Mas é assim com todos os macarons - as "bolachas" em si fazem-se sempre da mesma maneira, o que muda é o que está no meio.

Este creme funciona muito bem. É fresco e saboroso, com a lima e o manjericão a combinar muito bem. Para além disso, são bonitos, com o verde vivo a saltar à vista e a fazer apetecer pegar num - ou em vários.

Esta receita dá para cerca de 70 macarons completos (ou seja, perto de 140 "bolachas"). Se não se quiserem aventurar numa quantidade tão grande, reduzam as quantidades proporcionalmente - se bem que, por experiência própria, não se deviam preocupar: 70 macarons desaparecem num instante, entre "consumo próprio" e ofertas a família e amigos…

Tal como na outra receita que publiquei, esta é adaptada da receita do livro "Macarons", de Pierre Hermé, mas com o método do livro "How Baking Works", de James Morton.

...and now also in English! :)

11/02/2019

Escrito por | Written by Bruno


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Olá a todos! :)

Hoje não tenho propriamente uma receita, mas queria anunciar algo em que já estou a trabalhar há algum tempo - o blog está a tornar-se bilingue e, a partir de agora, as novas receitas serão sempre publicadas em português e inglês.

Entretanto, ando a actualizar todas as receitas já publicadas, adicionando versões inglesas, mas é um trabalho que demora - e ainda nem sequer vou a meio… mas lá chegarei, por isso sejam pacientes, por favor! :)






(mudar para português)

Hey everyone! :)

I don't really have a recipe today, but I wanted to share some exciting news on which I have been working for some time now - the blog is becoming bilingual and, from now onwards, all new posts will always be published in both Portuguese and English.

In the meantime, I have been updating all published recipes, adding English versions, but this takes time - and I am not even half way through yet… But I’ll get there, so please be patient! :)

Orzo com cogumelos

31/01/2019

Escrito por | Written by Bruno



Um dos presentes que recebi no Natal foi o livro "River Cottage Vegetariano Gourmet" ("River Cottage Veg Every Day!", no original) de Hugh Fearnley-Whittingstall. É uma boa colecção de receitas vegetarianas e veganas do autor inglês, desde saladas e sopas a pratos completos e acompanhamentos. Foi a altura ideal para o receber - depois dos abusos do Natal e Ano Novo, é bom ter umas quantas novas receitas mais saudáveis para recuperar...

Este prato é quase um risotto de cogumelos, mas feito com orzo em vez de arroz. O orzo é aquela massa em forma de bagos de arroz (ou "pevides"), e fica aqui muito bem, misturado com o sabor dos cogumelos, do tomilho, do balsâmico e do crème fraîche.

Faz-se num instante e sabe muito bem - decididamente o meu tipo de receita!

Frango assado com ervilhas secas, laranja e alho

25/01/2019

Escrito por | Written by Bruno



Esta receita saiu a semana passada na coluna semanal de Yotam Ottolenghi no suplemento de fim-de-semana do Guardian. Assim que vi a fotografia fiquei com vontade de experimentar - de tal maneira que nem sequer esperei e fiz este mesmo prato para o almoço de domingo.

Nem sei bem como vos descrever este prato. É uma maravilha - é uma daquelas receitas em que basta misturar tudo e levar ao forno. Nada mais simples - mas depois prova-se e o sabor rebenta-nos na boca, com o alho a esconder-se por entre as ervilhas, a laranja a salpicar o frango, e a malagueta a aparecer de repente por entre tudo o resto, para nos apanhar de surpresa entre garfadas.

Vou decididamente fazer isto várias vezes porque é um daqueles pratos cujo sabor fica marcado cá dentro e deixa-nos imediatamente a salivar quando pensamos nele.

A sério, experimentem!

Devilled eggs

23/01/2019

Escrito por | Written by Bruno



Na passagem de ano juntámo-nos em casa de amigos para uma noite inspirada pela América dos anos 20, tendo cada casal ficado encarregue de levar algumas coisas, entre comidas e bebidas. No nosso caso, uma das coisas que levámos foram estes devilled eggs, que eu nunca tinha feito, mas que fizeram sucesso. São um finger food ideal, bonitos e fáceis de agarrar e comer - e desapareceram num instante.

Os devilled eggs são basicamente ovos cozidos, nos quais a gema é misturada com mostarda, maionese e especiarias (daí o “devilled”, é suposto serem picantes) e colocada de novo sobre as claras com a ajuda de um saco de pasteleiro. São mais populares nos Estados Unidos do que aqui no Reino Unido (daí serem adequados à nossa festa de passagem de ano), embora a receita que segui tenha sido adaptada de uma da Nigella Lawson, publicada no site da BBC.

Embora seja suposto os ovos serem picantes, pode haver quem os prefira simples - no nosso caso, como ia haver crianças, acabei por preparar duas versões, uma com pimenta caiena e outra sem. Usei a decoração para os distinguir - só coloquei o sumac sobre os ovos picantes. Ah, a propósito do sumac - usei-o porque gosto muito do tom cítrico que esta baga dá à comida, mas podem facilmente substituí-lo por pimentão doce.

Salmão caramelizado em mel e molho de soja

15/01/2019

Escrito por | Written by Bruno



Há dias tínhamos uns filetes de salmão para cozinhar e apeteceu-me experimentar uma forma diferente de os cozinhar. Encontrei esta receita no site Natasha’s Kitchen e resolvi adaptá-la para experimentar.

Correu bem - o molho de mel e soja faz com que o salmão caramelize enquanto cozinha, e a frescura e acidez da lima complementam bem o doce do mel. Depois é só acrescentar o cebolinho - tudo fica melhor com cebolinho! - e está a refeição pronta!

Acompanhei com arroz de coco, que os rapazes me pediam há algum tempo, e foi uma óptima escolha!

Cassoulet rápido

10/01/2019

Escrito por | Written by Bruno



Esta é uma receita que já faço há algum tempo (já a tinha publicado há quase 7 anos no Cozinha com Tomates), mas que estava esquecida. Há dias lembrei-me dela, voltei a fazê-la e acho que não vou voltar a esquecer-me tão cedo, porque o resultado é muito bom - ainda mais agora que o frio começa a apertar aqui por Londres.

A receita original vem do livro “Jamie’s 30 Minute Meals”, um livro do Jamie Oliver que tenta apresentar refeições completas que se conseguem preparar em 30 minutos. Para tal, Oliver simplifica passos e adapta receitas, mas mantendo o sabor, que é o que importa. Sendo assim, e antes que uma multidão de franceses zangados me bata à porta, deixo já o aviso que este cassoulet (prato tradicional do sul de França) está longe de ser a versão mais genuína. Mas é rápida e fácil de preparar, saborosa e reconfortante. Tudo coisas que sabem bem para uma refeição de fim-de-semana - liguem o aquecimento, ponham uma música a tocar, abram uma boa garrafa de vinho e vão ver que vale a pena!

Fusilli com salsicha

08/01/2019

Escrito por | Written by Bruno



Estou de volta, depois de duas semanas que souberam a muito mais - tem de ser bom sinal, certo? Espero que as vossas Festas tenham sido boas - e que já estejam em forma para enfrentar de novo a cozinha!

Esta receita vem do que é provavelmente o meu livro preferido do Jamie Oliver, o já velhinho "Cook With Jamie". Oliver chama-lhe uma "massa de gajo" ("proper bloke's sausage fusilli"), mas parece-me apropriada para qualquer pessoa - gajo ou gaja.

O sabor vem fundamentalmente da combinação das salsichas (usem as melhores que encontrarem) com o funcho, mais o toque do chilli, o ácido do limão e o refrescante do vinho. Parece simples? E é - mas as coisas boas nunca precisam de ser complicadas!