Perna de pato confitada com couve-roxa e molho de Madeira | Confit duck leg with red cabbage and Madeira sauce

24/12/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Às vezes a vontade de cozinhar um prato nasce assim - estava em viagem, em trabalho, e fui jantar com os meus colegas a um daqueles restaurantes com uma ementa onde parece caber tudo. Não tanto em número de pratos, mas em variedade de cozinhas. Havia bifes, pratos de influência italiana, outros asiáticos, outros franceses… O tipo de ementa que normalmente me faz desconfiar - quando se tenta fazer tudo, é comum não se conseguir fazer nenhuma das coisas suficientemente bem. Desta vez, contudo, estava enganado. Pedi uma perna de pato confitada - e ela chegou perfeita, com a cozedura no ponto, com couve-roxa (óptima!) e puré de batata a acompanhar, tudo equilibrado e cheio de sabor. E ficou-me a ideia de tentar fazer isto em casa. Não importava que nunca tivesse confitado pato antes - estamos cá é para experimentar e aprender, certo?

E assim foi. Pus-me a pesquisar receitas, a cruzar ingredientes e tempos, a buscar ideias de vários sítios e a alinhavar o que me parecia uma boa versão da receita. Sabia que ia precisar de tempo, embora não fosse necessariamente uma receita difícil. Finalmente, chegou o fim-de-semana ideal - comprei o pato, preparei-o de véspera, e, no domingo de manhã, pus mãos à obra. A manhã inteira a preparar o pato, a couve, o molho - e tudo planeado para ficar pronto mesmo à hora de almoço. Correu bem. E valeu a pena.

O pato fica óptimo, tenro e saboroso. A couve-roxa é uma receita a repetir, um acompanhamento óptimo, com a maçã e os restantes sabores a intensificar o sabor da couve (e que vale a pena fazer em maior quantidade e guardar, aguenta muito bem aquecida em dias seguintes). O molho de vinho da Madeira dá o toque final. Ah, e tal como no restaurante, acrescentei também puré de batata, servido à parte. Não é um prato rápido que se faça de impulso, precisa de planeamento, mas acreditem, vale mesmo o esforço.

Só uma nota final sobre mixed spice - esta é uma mistura de especiarias comum em Inglaterra, que contém geralmente canela, noz-moscada, pimenta-da-Jamaica e pode incluir também cravinho, sementes de coentros e gengibre. Pode ser feita facilmente em casa, misturando este tipo de especiarias. É uma combinação também bastante utilizada por aqui em bolos e receitas de Natal.

...E, por falar em Natal - um óptimo Natal para todos os que nos lêem!! :)

O Primeiro Gomo da Tangerina | The First Tangerine Segment

19/12/2017

Escrito por | Written by Bruno



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A terra é grande / É pequenina / Do tamanho apenas da tangerina / Quem mata e morre / Nunca percorre / Os caminhos do que há de melhor / Nesse sumo / A vida, gomo a gomo
(Sérgio Godinho, O Primeiro Gomo da Tangerina)


A ideia veio do nada - provavelmente porque tinha tangerinas em casa. E porque não? A panna cotta presta-se sempre a estas combinações, a inventar coberturas que elevem as natas cozidas ao nível que merecem. À medida que o ano avança e as estações mudam, também mudam as possibilidades, com novos ingredientes e outras frutas a aparecer. Desta vez foram as tangerinas, numa calda doce e de cor forte, a dar mais sabor a uma panna cotta simples, só com o coco a acrescentar uma nota diferente.

A enfeitar, um gomo apenas. Como o primeiro, o da canção.

Barriga de porco com maçã caramelizada e puré de feijão e maçã | Pork belly with caramelised apples and butter beans and apple purée

13/12/2017

Escrito por | Written by Bruno



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A barriga de porco (ou entremeada) é uma das minhas peças preferidas. Principalmente feita assim, num bom assado, lento, para que a carne fique a desfazer-se na boca, e a pele fique crocante e estaladiça (a que aqui chamam crackling e que nunca pode faltar num bom assado de porco).

A maçã é um acompanhamento clássico para a carne de porco - resolvi juntá-la a dobrar: em fatias caramelizadas em manteiga e açúcar, e num puré óptimo, com feijão-manteiga, que pode ser aproveitado como acompanhamento em vários outros pratos. Ficou tudo óptimo!

Salsichas no forno com batatas e pimentos | Roast sausages with potatoes and red peppers

05/12/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Um Domingo preguiçoso, lá fora faz frio, os dias cada vez mais curtos. É de manhã, um dos rapazes está numa aula de rugby com a mãe, eu estou em casa com o outro rapaz, é preciso preparar o almoço, qualquer coisa que não dê muito trabalho (é um daqueles dias que pede coisas simples), mas que seja aconchegante, porque as temperaturas não ajudam e o céu está demasiado cinzento para comidas mais frescas.

Vou ao supermercado, trago batatas, pimentos e cebolas roxas - podia ter trazido beringela ou courgette, ou quaisquer outros vegetais que apetecesse usar. Trago também salsichas de porco frescas, seis delas com cebola roxa caramelizada, outras seis com maçã (tal como disse aqui, a variedade de salsichas frescas em Inglaterra é uma pequena maravilha).

Volto para casa, preparo os ingredientes, ponho no forno, deito vinho branco num copo, entretanto chega a mãe e o rapaz mais novo, e está o almoço praticamente pronto - e o Domingo passa-se melhor.

Pão com chouriço e nozes | Chorizo and walnut rolls

01/12/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Já há algum tempo que andava com vontade de fazer pão em casa. Nunca me aventurei muito por esse mundo, tirando a altura em que tínhamos uma máquina de fazer em pão em casa que usámos durante algum tempo. Ter voltado agora aos blogs, e ter recomeçado a seguir com mais atenção o que outros vão fazendo, fez aumentar esta vontade - principalmente ao ver rubricas como a Vamos Fazer Pão? no Cinco Quartos de Laranja, na qual a Isabel não só publica regularmente receitas para fazer em casa, mas também incentiva toda a gente a experimentar.

A vontade estava, por isso, cá. Só faltava um catalisador - e esse chegou, finalmente, através do Lisboeta, o excelente novo livro do chef Nuno Mendes, altamente recomendável e do qual hei-de falar por aqui em mais detalhe. À medida que folheava o livro ia aumentando o número de receitas que queria experimentar - e assim que cheguei às páginas finais e me cruzei com a receita de pães com chouriço, pensei que tinha de ser desta - tinha mesmo de me aventurar no pão!

A partir daí foi só pôr mãos na massa - e ainda bem. Os pães ficaram óptimos e fizeram sucesso (desapareceram num instante, o que é sempre bom sinal!). E agora que estou “iniciado”, vou ter mesmo de começar a dedicar-me um pouco mais ao pão. Pode ser que em breve comecem a aparecer por aqui outras variedades!

Caril de camarão | Prawn curry

27/11/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Num daqueles dias em que nos apercebemos que já não falta muito para o almoço e não temos nenhuma ideia sobre o que fazer, encontrei esta receita na revista do supermercado Waitrose. E ainda bem - é um prato simples de fazer, muito saboroso, e que deu uma refeição aprovadíssima.

Acompanhei com arroz basmati, cozinhado num pouco de óleo de coco, para dar sabor.

Gelado de figo | Fig ice cream

24/11/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Andava à procura de receitas de gelados de Outono quando encontrei, no site da Saveur, esta receita de gelado de figo. Atraiu-me o gelado em si, de aspecto cremoso, misturado com aquele vermelho vivo dos figos - e atraiu-me a receita, que parecia simples e sem necessidade de grandes complicações para fazer brilhar o sabor. Tinha de experimentar.

O gelado é mesmo bom, pelo menos para quem gosta de figos. E é tão simples - a base é um gelado de nata, que só por si já é uma pequena maravilha, cremoso como poucos. Juntando-lhe a polpa dos figos desfeita numa calda de açúcar e mel, obtém-se um gelado que apetece comer e repetir, com uma textura perfeita, um sabor doce e perfumado, ideal para as noites cada vez mais frias deste Novembro.

E era mesmo disso que eu estava à procura - o perfeito gelado de Outono!

Bolo de chocolate e azeite | Chocolate and olive oil cake

22/11/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Desde que vi esta receita no Smitten Kitchen, o incontornável blog da Deb Perelman (a sério, sigam-na se ainda não o fazem) que fiquei mortinho por experimentar. Para já porque o bolo tinha um aspecto delicioso, mas também pelos ingredientes, que eram fora do normal, pelo menos para mim. Um bolo sem manteiga, sem ovos, com azeite - e uma colher de vinagre!

Os dias iam passando, e a receita enchia-se de comentários de pessoas que tinham experimentado o bolo - e adorado. E a minha vontade de tentar também crescia com eles. Acabei finalmente por fazê-lo, seguindo fielmente a receita, com a única excepção da decoração - A Deb Perelman usa apenas a cobertura, mas achei que ficava bem juntar alguma fruta e não me arrependi! Gosto muito do toque fresco e sumarento das framboesas em conjunto com o chocolate. Aliás, usei as framboesas da segunda vez - o bolo é tão bom que já o fiz duas vezes (e da primeira vez usei mirtilos, que também ficaram óptimos).

Lombinho de porco com batata-doce e castanhas | Pork fillet with sweet potato and chestnuts

20/11/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Chegou o Outono, e com ele os ingredientes próprios da época. A temperatura desce (enfim, pelo menos aqui em Londres) e começa a apetecer outro tipo de comidas - comida aconchegante, que nos aqueça e nos ajude a enfrentar os dias cada vez mais curtos.

Este prato tem alguns dos melhores sabores de Outono, e a vantagem de ser um prato de forno - ideal para preparar, deixar a cozinhar e ir conversar, ou abrir uma garrafa de vinho, ou petiscar qualquer coisa enquanto se espera. Comida simples, comida generosa e boa. Ah, e o molho do assado é extraordinário - é melhor ter algumas fatias de um bom pão à mão, porque vai apetecer molhá-lo na travessa...

Cheeseburger com bacon | Bacon cheeseburger

17/11/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Há alturas em que os hamburgers de fast food (McDonald's, Burger King, Five Guys…) são uma escolha válida, principalmente quando o tempo é um factor importante. No entanto, em termos de hamburgers, a minha preferência vai para as hamburgerias que tratam a comida um pouco melhor - e com um pouco mais de tempo -, seja para combinações de sabores mais clássicas (o hamburger simples, o cheeseburger) ou mais elaboradas, onde a criatividade consegue criar algumas ideias bem interessantes. Aliás, a multiplicação de restaurantes oferecendo aquilo a que acabou por se chamar “hamburger gourmet” é um bom sinal de que o fast food deixou de ser a única opção generalizada - e todos nós ficamos a ganhar.

Sendo uma comida tão simples - carne picada no pão -, o hamburger é extraordinariamente versátil. Fazê-lo em casa tem a vantagem de podermos escolher exactamente os ingredientes que queremos usar e em que quantidades, ajustando o sabor final ao gosto de cada pessoa. Vale a pena preparar uma quantidade maior de hamburgers do que a que planeamos usar, congelando alguns para próximas refeições. Assim, sempre que voltar a apetecer, basta descongelar, preparar os acompanhamentos e cozinhar tudo - e essa é a parte rápida. Não tanto quanto o fast food, mas muito mais saboroso.

Neste caso, não inventei muito - este hamburgers são basicamente cheeseburgers com bacon. Mas têm alguns toques interessantes - a cerveja adicionada ao hamburger, o molho com whiskey a ir um pouco para lá de uma simples mistura de maionese e ketchup…

Claro que não é a mais saudável das escolhas para um almoço. Mas, às vezes, sabe mesmo bem.

Chanterelles fritos com chouriço | Fried chanterelles with chorizo

13/11/2017

Escrito por | Written by Bruno



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Um dos nossos programas de fim-de-semana preferidos, especialmente quando o tempo ajuda, é dar um salto ao mercado. A poucos quilómetros de casa temos a vila de Kingston-Upon-Thames, que tem um óptimo mercado ao ar livre - não muito grande, mas com umas quantas bancas com muito boa fruta, legumes e óptimo pão. Há também várias bancas de comida de rua, o que faz com que seja ideal para comprar frescos no mercado e depois sentar a almoçar ao ar livre.

Num destes fins-de-semana demos um salto ao mercado e valeu bem a pena. Trouxe marmelos, romãs, figos, morangos, framboesas - e encontrei à venda cogumelos chanterelle, com muito bom ar. Por impulso, resolvi comprar uns poucos, sem saber muito bem o que iria fazer com eles. Quando cheguei a casa, pus-me a pesquisar à procura de ideias, e acabei por resolver fazê-los assim, simples, salteados, com o chouriço a ajudar ao sabor.

Serviu de entrada ao jantar, e foi uma óptima escolha. O chouriço ficou crocante, as pontas dos cogumelos também, e o sabor estava óptimo. Hei-de voltar ao mercado para ver se ainda consigo encontrar mais uns quantos!