Almôndegas com cogumelos

26/03/2018

Escrito por | Written by Bruno



aqui falei do livro "The Family Meal - Home Cooking With Ferran Adrià", uma pequena maravilha que reúne as receitas que a equipa do El Bulli fazia para as suas próprias refeições antes de começarem a servir os clientes no restaurante. Tudo o que experimentei deste livro valeu bastante a pena - e é uma forma simples de podermos dizer que sabemos fazer receitas de Adrià (ninguém precisa saber que não são exactamente as que toda a gente imagina).

Este é mais um bom exemplo - simples, rápida, e uma maravilha de sabores. Vão precisar de uma boa salsicha fresca - nesta receita falei das salsichas inglesas, e da óptima variedade que há por cá. Em Portugal, contudo, não é tanto assim, mas usem a melhor salsicha fresca que encontrarem que de certeza que ficará bom. O alho, as ervas, os cogumelos, o vinho, a salsa - tudo isso vai compor o sabor e ajudar ao resultado final.

Uma nota só em relação ao alho - a julgar por este livro, Adrià é doido por alho. Eu gosto muito, mas não tanto. A receita original usa 12 dentes de alho para 6 pessoas, eu reduzi para 4, mais ou menos um ou outro (o alho vai sempre mais ou menos a olho, confesso...).


Tarte de amêndoa | Caramelised almond tard

16/03/2018

Escrito por | Written by Bruno



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Quando aqui publiquei as receitas de Bolo de Bolacha, Salame de Chocolate e Pudim Molotof, referi-me aos três doces como a Santíssima Trindade das Sobremesas de Festas de Aniversário dos Anos 80 - não havia festa de anos que não tivesse um ou vários destes clássicos da doçaria portuguesa.

No entanto, faltava uma receita para completar a lista. Para usar uma outra analogia parva, digamos que se o Salame, o Molotof e o Bolo de Bolacha são os Três Mosqueteiros da doçaria, então a Tarde de Amêndoa é o seu D’Artagnan. A receita não tem grandes complicações - prepara-se a base, uma espécie de bolo baixinho cozido numa forma de tarte; cobre-se com amêndoas cozinhadas em açúcar e manteiga e leva-se ao forno até caramelizar.

O resultado é este clássico que nunca sai de moda. Para mim, pessoalmente, é também e a possibilidade de ter mais um bocadinho de sabores de Portugal na cozinha quando me apetecer. É que se os pastéis de nata já correm mundo e são relativamente fáceis de encontrar por cá, o resto da nossa doçaria ainda é muito mais esquiva.

Frango caramelizado | Caramelised chicken

12/03/2018

Escrito por | Written by Bruno



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Em final de 2006 (caramba, como é que já passaram quase 12 anos?!...) visitámos o Vietname, uma viagem que fica para sempre na memória por todas as diferenças que a Ásia tem em relação ao nosso cantinho. Um país não se esgota na sua culinária, mas obviamente que esse é sempre um ponto fortíssimo da sua cultura, e que diz muito sobre a sua história e tradições. No Vietname, a cozinha é extraordinária, muitas vezes simples na confecção, mas muito variada nos ingredientes e sabores - com o omnipresente molho de peixe a pairar sobre todos eles.

Os pratos caramelizados são muito comuns no país - seja carne de vaca, porco, frango ou até peixe. Lembro-me de um porco caramelizado que comemos na cidade de Hué e que estava tão bom que na segunda noite voltámos ao mesmo restaurante para comê-lo mais uma vez. Por tudo isto, este é um tipo de comida que faço sempre com muito prazer, para poder voltar às memórias daquele país e daquela cultura, nem que seja durante um bocadinho, o tempo que dura uma refeição.

Esta receita segue a inspiração vietnamita e é muito simples de fazer. É um prato bonito e que apetece repetir e repetir - a combinação do caramelo doce com o molho de peixe salgado com os sabores do gengibre, do alho e das cebolinhas é irresistível. Para acompanhar, fiz um arroz basmati que, não sendo exactamente vietnamita de origem, ficou aqui bastante bem.

Pavlova enrolada com pêssegos e mirtilos | Rolled pavlova with peaches and blueberries

09/03/2018

Escrito por | Written by Bruno



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Eu sei, eu sei, já é a terceira receita do livro Sweet que trago para o blog em pouco tempo (depois do bolo de coco, amêndoa e mirtilos e do bolo de ameixa merengado), mas que querem, o livro é mesmo bom!

Para além do mais, tinha claras para gastar e pensei que era a desculpa ideal para experimentar uma pavlova pela primeira vez. Esta sobremesa é relativamente simples - uma base de merengue, coberta com um creme (geralmente natas batidas) e fruta. O nome é uma homenagem à bailarina russa Anna Pavlova, e a Austrália e a Nova Zelândia disputam-lhe a autoria. Há dezenas de receitas por aí, mas esta do livro de Yotam Ottolenghi e Helen Goh é interessante por ser uma pavlova enrolada - depois de cozer o merengue, este é coberto de frutas e enrolado como se fosse uma torta.

A receita pode ser adaptada facilmente a quaisquer outras frutas - aliás, no livro são usadas amoras em vez de mirtilos, mas eu preferi assim e correu bastante bem. Dependendo da época, outras frutas serão sempre bem-vindas. O resultado final é divinal - esta quantidade dá para uma pavlova de tamanho bastante considerável, mas acreditem que não vai durar muito. Pelo menos aqui desapareceu num instante!

Spaghetti alla Puttanesca

05/03/2018

Escrito por | Written by Bruno



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Uma das receitas clássicas de massas italianas (hei-de trazer mais umas quantas), a puttanesca é praticamente um dos símbolos de Nápoles, onde foi inventada no século passado. Dispenso-me de fazer comentários ao nome (até porque não há consenso sobre as suas origens, embora haja várias histórias mais ou menos verosímeis, como seria de esperar num nome tão... enfim... colorido), mas não de elogiar esta combinação de ingredientes - como todas as melhores massas de Itália, é simples e perfeita. São quatro ingredientes principais (mais uns quantos para ajudar): tomate, alcaparras, anchovas e azeitonas. Só isto - e não precisa de mais.

A receita é fácil e rápida, e ideal para um dia em que apeteça um pouquinho do sul de Itália sem grandes complicações.

Bolo de ameixa merengado | Plum and meringue cake

02/03/2018

Escrito por | Written by Bruno



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aqui falei do Sweet, o livro de Yotam Ottolenghi e Helen Goh, que é uma verdadeira perdição, com vários tipos de sobremesas, todas elas com um ar que apetece arrancar das fotografias e comer imediatamente.

Esta é mais uma das receitas do livro, que correu muito bem. É um bolo com três camadas diferentes, cada uma a acrescentar sabor ao resultado final: primeiro, uma base de bolo, simples e com sabor a coco ralado; a seguir, uma camada de ameixas, que assam devagar no forno, deixando o sumo cair no bolo, tornando-o húmido e saboroso; finalmente, a terminar, uma gloriosa camada de merengue com amêndoa laminada. Cada fatia é uma pequena maravilha - e a receita adapta-se facilmente a quaisquer outras frutas da época que quiserem usar.

Pizza de cogumelos portobello, taleggio, tomate seco e manjericão | Portobello mushrooms, taleggio, sun-dried tomato and basil pizza

26/02/2018

Escrito por | Written by Bruno



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Pizza. É preciso dizer mais?…

Sim, claro que é :-) A receita de massa que sigo é a mesma que expliquei aqui. Como disse na altura, faço sempre massa a mais e congelo o que sobra - assim, quando queremos fazer uma refeição de pizza, basta lembrar-me com antecedência e deixar a massa a descongelar. Depois é só pensar nos ingredientes para a cobertura, e o resto é rápido.

Desta vez, quis usar cogumelos. Os portobello combinam muito bem com o taleggio, queijo italiano de vaca, produzido na zona da Lombardia (e partes do Piemonte e Veneto), de aroma intenso mas sabor suave. Para finalizar, juntei tomates secos e umas folhas de manjericão para refrescar. Como da outra vez, as quantidades são vagas - as coberturas das pizzas fazem-se a olho…

Gelado de maçã e canela | Apple and cinnamon ice cream

15/02/2018

Escrito por | Written by Bruno



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Um destes dias dei por mim a olhar para a fruteira, cheia de maçãs, e a pensar no que poderia fazer com elas.

Pareceu-me bem tentar um gelado, até porque nunca tinha experimentado fazer um de maçã. O tempo por aqui está frio, mas isso não é desculpa para não fazer gelados (caso contrário, pobre da indústria sorveteira britânica!...). Saiu um gelado cremoso, com um aroma inconfundível a canela, e com a surpresa de encontrar pequenos pedaços macios de maçã lá pelo meio. Uma maravilha!

A base que usei foi a mesma do gelado de figo que já aqui publiquei: um gelado de nata simples, mas perfeito. Depois basta juntar o sabor que quisermos dar ao gelado - neste caso, as maçãs cozidas com açúcar, canela e um pouquinho de noz-moscada.

Pad Thai com cogumelos | Mushroom Pad Thai

13/02/2018

Escrito por | Written by Bruno



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O Pad Thai é um prato típico tailandês de massa de arroz, com inúmeras variações em termos de ingredientes, mas sempre com um sabor intenso dado pela mistura do tamarindo com o molho de peixe e o sumo de lima.

Nesta versão, usei cogumelos em vez dos mais tradicionais camarões, o que o transformou quase num Pad Thai vegetariano, não fora o molho de peixe - este pode ser substituído facilmente por molho de soja se quiserem uma versão ovo-lacto-vegetariana.

É um prato simples, rápido e muito saboroso - óptimo para juntar à lista de pratos a preparar naqueles dias em que apetece qualquer coisa especial, mas sem ter de passar horas na cozinha!

İmam Bayıldı

06/02/2018

Escrito por | Written by Bruno



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Ainda hoje, quase 30 anos passados, nos referimos em família àquelas férias como “A Viagem”, assim mesmo, em maiúsculas. Foi uma verdadeira aventura - cerca de 40 dias a conduzir pela Europa fora, uma Europa muito maior e mais fechada em 1991 do que é hoje. O ponto mais longe a que chegamos foi Istambul, uma mistura entre Europa e Ásia, entre oriente e ocidente, que nos marcou de diversas formas.

Uma delas, que ainda hoje traz recordações, foi a comida. Quando estamos em família e nos lembramos d’A Viagem, é comum alguém recordar-se de uma refeição que fizemos em que não fazíamos ideia do que estávamos a comer (não é fácil perceber turco e não havia Google Translate para ajudar…) mas sabíamos duas coisas: não havia carne e era delicioso. Lembro-me de beringelas e sei que adorei. Não faço ideia se era este İmam Bayıldı ou outro prato qualquer, mas ficou-me sempre a ideia da cozinha turca ser diferente e muito interessante.

Foi também por isso que me apeteceu experimentar esta receita. Gosto de beringelas, mas não as uso muitas vezes - e um prato cujo nome significa “O Imã Desmaiou” pareceu-me ser uma boa oportunidade de voltar a cozinhá-las. Há duas versões sobre o nome do prato - uma diz que um imã turco gostou tanto deste prato que desmaiou ao prová-lo. A outra diz que o imã desmaiou ao aperceber-se da quantidade - e do custo proibitivo - de azeite que a sua mulher usava para cozinhar este prato todos os dias…

Investiguei várias receitas, mas acabei por seguir esta, do Yotam Ottolenghi que, não sendo turco, conhece a fundo este tipo de cozinha. É uma receita simples, mas só com coisas boas - beringela, tomate, pimentos, algumas especiarias, tudo cozinhado em bastante azeite. Simples, diferente - e capaz de fazer imãs desmaiar!

Favas com carne de porco e enchidos | Broad beans with pork and cured sausages

02/02/2018

Escrito por | Written by Bruno



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Eu sei, eu sei, não estamos exactamente na época das favas… Mas o congelador é o melhor amigo dos produtos portugueses para quem está noutro país - tínhamos congelado um saco de favas que a minha sogra nos trouxe durante uma visita no ano passado, e achei que estava na hora de usá-lo. Até porque todas as alturas são boas para um bom prato de favas!

Esta receita é basicamente a mesma que já fazia há quase 11 anos, quando a publiquei no Cozinha com Tomates - afinal de contas, em receita vencedora não vale a pena mexer muito, e esta fica óptima assim. A única grande diferença foi no ramo de cheiros - só arranjei hortelã e coentros, mas idealmente teria também juntado casca das favas e folhas de alho-francês. Se os tiverem à mão, juntem também.